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Como bolsonaristas tentaram invadir sede da PF e vandalizaram Brasília

Protesto começou após Moraes decretar prisão de cacique Serere, pastor, apoiador de Bolsonaro ex-candidato a prefeito

Manifestantes que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir a sede da Polícia Federal (PF) em Brasília após a prisão do indígena José Acácio Serere Xavante, decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e iniciaram um protesto que, por volta das 20h desta segunda-feira (12). Houve uma escalada nas ruas, o que resultou no fechamento do Setor Hoteleiro Norte e de parte do Eixo Monumental por volta das 22h, informou a Polícia Militar. O vandalismo começou horas após a diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além de unidades locais, ontem foram acionadas as equipes táticas, o Batalhão de Choque e a equipe de operações especiais para controlar a situação.

Os manifestantes colocaram fogo em cinco carros e três ônibus, bloqueando vias. Inicialmente a tentativa de invasão na PF foi controlada por unidades da Polícia Militar que estavam no local, mas o protesto cresceu.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não esteve em risco em nenhum momento em função das manifestações, informou o  futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, em uma coletiva noite desta segunda-feira (12).

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) informou, por meio de nota, que as forças de segurança reforçaram a atuação em toda área central de Brasília e na Asa Norte “para controle de distúrbios civis, do trânsito e  de eventuais incêndios. As ações começaram em frente ao edifício-sede da Polícia Federal (PF), em decorrência do cumprimento de mandado de prisão, e se estenderam para outros locais da região central.”

Segundo a nota, o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e outras vias da região central está restrito, como medida preventiva. A recomendação é que os motoristas evitem o centro da cidade. “Destacamos, por fim, que as imediações do hotel em que o presidente da república eleito está hospedado tem vigilância reforçada por equipes táticas e pela tropa de choque da Polícia Militar do Distrito Federal”, informou a secretaria.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que a ordem dada às forças policiais é para prender os vândalos. Houve tiros de bala de borracha contra os manifestantes por parte de agentes da PF. Ao menos cinco ônibus foram incendiados. Entenda sobre as motivações e os desdobramentos após uma madrugada intensa em Brasília:

  • O STF divulgou que José Acácio Serere Xavante é acusado de “condutas ilícitas em atos antidemocráticos”. A prisão foi solicitada ao Supremo pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo prazo de dez dias para garantir a ordem pública;
  • O cacique Serere Xavante, como é conhecido, teria realizado nos últimos dias “manifestações de cunho antidemocrático” em frente do Congresso Nacional, no Aeroporto de Brasília, em um shopping e em frente ao hotel onde Lula está hospedado;
  • Serere Xavante, 42 anos, é apoiador de Bolsonaro, pastor evangélico, foi candidato à prefeitura de Campinápolis (MT) em 2020 pelo Patriota, mas não se elegeu. Ele não é considerado cacique pelos xavante;
  • Em mensagem publicada após a prisão, o cacique pede que os manifestantes tenham calma e cessem o vandalismo ocorrido na noite de segunda-feira. “Estou em paz e quero pedir que os senhores não venham fazer conflito, briga ou confronto com a autoridade policial, e venham viver em paz. Não pode continuar o que aconteceu, infelizmente, essa destruição dos carros, o ataque à sede da Polícia Federal”;
  • O presidente Jair Bolsonaro (PL) não se manifestou sobre o ocorrido, apesar de o Palácio da Alvorada, a residência oficial, e a Esplanada dos Ministérios serem bloqueadas;
  • Há temor entre os aliados de Bolsonaro que ele seja processado assim que deixar a Presidência, já que perderá o foro privilegiado em 1º de janeiro. Ele pode ser acusado de incitação à violência e atos antidemocráticos no âmbito das investigações sobre fake news, envolvendo as acusações de fraudes nas urnas eletrônicas, e atos antidemocráticos, com pedidos de intervenção militar democrática – seja lá o que isso quer dizer.

Ataques

  • A tentativa de invasão da sede da PF foi contida pelos agentes de plantão;
  • Os manifestantes acreditavam que Serere Xavante estaria detido na sede da PF, porém no local não há carceragem. Ele estava em uma detenção no Complexo Penitenciário da Papuda, no DF;
  • Foram quebrados os vidros da 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte. Os policiais civis afastaram os manifestantes;
  • Os radicais foram dispersos com disparos de gás lacrimogêneo e balas de borracha;
  • Os ataques começaram por volta das 19h30 e duraram até por volta das 22h30 em diferentes pontos da região central e da Asa Norte;
  • Ninguém foi preso durante os distúrbios;
  • Cinco veículos particulares estacionados foram incendiados;
  • Um dos três ônibus incendiados foi usado para bloquear a passagem sob um viaduto, dificultando a ação da polícia;
  • Os bombeiros tiveram dois veículos atacados;
  • Botijões de gás foram espalhados em frente a um posto de gasolina. Os recipientes estavam vazios;
  • Uma pessoa de 67 anos precisou de atendimento médico após inalar gás lacrimogêneo;
  • O transporte coletivo no Plano Piloto começou a operar com uma hora de atraso por temores de novos ataques;
  • As autoridades têm certeza que os atos foram premeditados e convocados pelas redes sociais.

Repercussão

  • O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, informou pelas redes sociais, que, desde o início das manifestações, o ministério, por meio da Polícia Federal, “manteve estreito contato com a Secretaria de Segurança Pública do DF e com o governo do Distrito Federal a fim de conter a violência e restabelecer a ordem. Tudo será apurado e esclarecido”. Segundo Torres, a situação está se normalizando;
  • Em uma segunda postagem, Torres afirmou que “nada justifica as cenas lamentáveis que vimos no centro de Brasília”. Ele agradeceu o empenho da Secretaria de Segurança Pública do DF e do governo do Distrito Federal por todo apoio à Polícia Federal. Segundo o ministro, “tudo será apurado”;
  • Pelas redes sociais, o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, condenou os protestos. “Inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília. Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política”, declarou;
  • O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também pelas redes sociais, definiu como absurdos os atos de vandalismos acontecidos na noite desta segunda-feira em Brasília “feitos por uma minoria raivosa”. “A depredação de bens públicos e privados, assim como o bloqueio de vias, só servem para acirrar o cenário de intolerância que impregnou parte da campanha eleitoral que se encerrou.” Pacheco acrescentou que as “forças públicas de segurança devem agir para reprimir a violência injustificada com intuito de restabelecer a ordem e a tranquilidade de que todos nós precisamos para levar o país adiante”.

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