O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ) (imagem), foi alçado à vice-liderança da oposição na Casa. Pelo menos temporariamente, aponta a coluna de Lauro Jardim, em O Globo desta quinta-feira (12). É uma mudança em uma trajetória que já se mostrava ambígua. Ao longo de seu mandato à frente Câmara, Maia criticou abertamente o presidente Jair Bolsonaro pela condução da pandemia, mas segurou mais de 60 pedidos de impeachment apresentados contra o presidente. Na maior falta de respeito, foi chamado de “nhonho” pelo ex-ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Praticamente sem partido depois de brigar com ACM Neto, o parlamentar segue no Democratas até escolher uma nova legenda – foi sondado pelo MDB, PSD e PSBD. Por isso, tem limitações – ele não tem a garantia de tempo para usar o microfone da Casa em uma votação no plenário, por exemplo. Mesmo assim, Rodrigo Maia quer participar ativamente da discussão da reforma tributária. Será sua primeira manifestação numa votação desde que deixou a presidência. Para garantir o espaço, ele e o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), combinaram sua indicação provisória ao posto de vice-líder.
É mais um passo na construção da relação entre Maia e a oposição. O diálogo se estreitou desde a última eleição da Câmara, quando ele criou a “frente ampla” na tentativa de derrotar o vencedor e atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), fiel integrante da base governista. A expulsão do DEM veio disso, após intrigas internas devido ao apoio da legenda à candidatura de Lira em detrimento do preferido de Maia, Baleia Rossi (MDB-SP). Agora é esperar para saber o tipo de oposição que Maia fará. Ele tanto pode ser combativo quanto adotar um comportamento oscilante, como quanto estava ao lado do governo – mas não muito.