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Como pizza fez Rodrigo Maia descobrir que era vigiado

Quando jantar com Gilmar Mendes foi criticado por bolsonaristas antes mesmo de acabar, então presidente da Câmara teve certeza que estava sob vigilância

Em 2019, ninguém sabia sobre o uso ilegal de softwares de monitoramento por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ganhou certeza que ele e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, tinham os celulares monitorados. O episódio então foi considerado uma mera nota de rodapé político.

Conforme divulgado pela imprensa, Maia jantou com Mendes e o senador bolsonarista Ciro Nogueira (PP-PI). O encontro ocorreu em 2020. O jantar foi uma reles pizza em um encontro de contornos políticos fora das agendas oficiais. No ano seguinte, Nogueira viraria ministro da Casa Civil, cargo de interlocução com o Legislativo e o Judiciário.

Foi aí que o deputado teve certeza que era monitorado. Mal acabara o jantar na residência oficial da Câmara e as redes bolsonaristas atacaram ambos por suposto conluio contra o governo, ignorando a presença de Nogueira. Como a pizza delivery foi citada nas postagens, Maia passou a ter certeza que ele e Mendes eram alvo do que acreditou serem escutas telefônicas. No dia seguinte, Bolsonaro foi ao cercadinho defronte ao Palácio do Planalto afirmar que tinha dados de inteligência sobre ações contra seu governo.

Houve também um episódio anterior, em março de 2019, quando da prisão de Michel Temer e do ex-ministro, Moreira Franco, padrasto de Maia. O encontro com Mendes também se deu fora da agenda oficial de ambos, mas foi divulgado nas redes de apoio da extrema direita. Com as investigações sobre a espionagem ilegal da Abin, os episódios agora ganham contornos reforçados.

Ao UOL, Maia declarou nesta quinta-feira (25) sobre o caso: “Os indícios de monitoramento que eu tinha existiam com muita firmeza […] O que me deixa impactado é a gente não tratar o assunto da utilização do aparelho do Estado, do desrespeito à Constituição como um crime gravíssimo”.

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