É unânime o risco que o presidente Jair Bolsonaro (PL) corre caso não impeça a escalada dos preços da Petrobras
Enquanto o líder do PL da Câmara, deputado Altineu Côrtes, obtém assinaturas para abertura de uma CPI para investigar a Petrobras, o núcleo estratégico do governo prepara uma saída que se justifique no palanque eleitoral. No Planalto, é unânime o risco que o presidente Jair Bolsonaro (PL) corre caso não impeça quanto antes a escalada dos preços da estatal.
No entanto, uma mudança que chegue, de fato, a subtrair o preço dos combustíveis para os brasileiros depende mais do que uma troca de comando – que também está estacionada. O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, que já foi cotado para presidir a Petrobras, disse ao Antagonista que a tendência é de manutenção da política de preços. Ou seja, tudo pode ficar como está.
Mas é aí que o governo pode ter encontrado uma saída para a cortina de fumaça despejada no Congresso. A retomada do controle da Petrobras pode ser forçada a partir do momento em que indícios de corrupção ou desvio ético e de conduta forem descobertos. O governo estaria disposto a comprar essa briga e já ensaia um discurso, mesmo que raso, para enfrentar o pleito eleitoral – com a gasolina e o diesel beirando tanto os R$ 10 quanto R$ 5 o litro. Afinal, quem garante que todos os esquemas fraudulentos da estatal foram extintos?
E mais: não bastaria somente retomar o controle e governança da Petrobras. É necessário gerir a turbulência que viria depois de interferências tão drásticas. Enquanto as estratégias do núcleo duro do governo ainda estão em fase embrionária, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), é contra a criação da CPI. Uma investigação em plena pré-campanha é vantajosa para o deputado Arthur Lira (PP), que já abraçou a matéria na Câmara e disse que é hora de tirar a máscara da Petrobras. O esforço pode comprar apoio para sua reeleição.