O cenário é desfavorável aos investimentos nesta quarta-feira (8) pós-feriado, com o Ibovespa se descolando do mercado externo por causa do abalo institucional provocado pelo presidente Bolsonaro, que ameaça o Supremo e insufla seus apoiadores antidemocráticos. Às 12h, a bolsa havia caído 2,71%, negociada a 114.673 pontos. Uma queda de 12,31% em relação ao melhor momento do ano, em 7 de junho, quando bateu 130.776 pontos. O dólar subiu 2,02% ao meio-dia, com investidores procurando segurança.
Enquanto isso, as respostas institucionais para acalmar os ânimos vêm diferentes intensidades. Após um silêncio de 24 horas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sem citar Bolsonaro, afirmou que no Brasil não há espaço para radicalismos. Ele criticou as pautas defendidas nas manifestações, como o retorno do voto impresso: “Não posso admitir que decisões já tomadas pelo plenário da Casa, como o voto impresso sejam retomadas”. Só endureceu o tom em um momento: “É hora de dar um basta nas escalada de bravatas”. E disse que a Câmara será o ponto de pacificação entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto. Lira não sinalizou com a possibilidade de abertura de impeachment contra o presiente, mesmo tendo mais de 100 pedidos em sua gaveta. Lira é o único com tal atribuição.
Ênfático, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou que o ano legislativo acabou para as reformas do Executivo após das afirmações de cunho golpista. “Não há mais clima político”, disse o parlamentar em entrevista à CNN.
Mais cedo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), com receio de invasão como no ocorrido no Capitólio, nos EUA, fechou as atividades legislativas da Casa até o fim semana, deixando o andamento da agenda parado. Ele também se reuniu com o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), para estabelecer alguma rotina nos futuros trabalhos, mas é certo que os senadores estão descontentes.
Faltam ainda os pronunciamento do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e dos presidentes dos partidos, que devem formar uma frente contra os arroubos autoritários do chefe do Executivo, que afirmou que não irá cumprir ordens na Justiça, principalmente as emitidas pelos ministros Luís Roberto Barros, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Alexandre de Moraes, que conduz os inquéritos sobre fake news e financiamentos dos atos antiemocráticos, o que levou à prisão aliados de Bolsonaro.