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Dino na corda bamba ao STF

Presença da Dama do Tráfico em encontro no Ministério da Justiça reduz as chances de indicação ao Supremo. É só imaginar a sabatina no Senado

A divulgação da presença da condenada por associação com o tráfico de drogas do Comando Vermelho do Amazonas, Luciane Barbosa Farias, em três ocasiões na sede do Ministério da Justiça, detona as chances do ministro Flávio Dino de ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Os críticos de Dino argumentam que a reunião seria um sinal de que ele estaria alinhado com o crime organizado, o que parece improvável, mas justifica pedradas sem fim no ministro. A esquerda tomaria a mesma atitude se isso ocorresse com seu antecessor, Anderson Torres – hoje enrolado com a Justiça por causa da minuta do golpe e do 8 de janeiro.

Dino negou que tenha recebido Luciane, mas o episódio causou grande desgaste à sua imagem. Ele já era criticado por sua atuação frente às crises de segurança que atingem Rio de janeiro e Bahia. O ministro também é odiado pela oposição mais radical, em grande parte por sua ironia e grande capacidade de argumentação contra boa parte dos questionamentos mal formulados por parte da bancada mais barulhenta sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

A enorme barbeiragem institucional que permitiu a entrada da Dama do Tráfico e esposa de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, líder do CV condenado a 31 anos de prisão por tráficos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, solaparia o apoio da maioria dos senadores para a sua indicação ao STF. A rejeição, há três semanas, da indicação de Lula para a chefia da Defensoria Pública da União (DPU) também reforçou essa avaliação.

Com isso, o advogado-geral da União, Jorge Messias, passou a ser visto como o favorito à vaga. Messias tem o apoio da maioria das lideranças do PT, além de ser visto como um nome mais discreto e capaz de aparar arestas.

Alvo planejado?

Aliados de Dino chovem no molhado ao afirmar que os ataques são motivados por interesses políticos. Se a questão não fosse política, seria criminal, o que já teria lhe custado o cargo. Uma fonte do entorno de Dino lembra que, apesar dele negar que esteja interessado no STF, o posto é alvo de cobiça e a proximidade dele com Lula o tornaria um alvo de largo perfil. Afinal, por se tratar de uma vaga vitalícia que trás imenso poder e prestígio, há as considerações sobre a vida no pós-Lula que virá. E isso já basta para o constante fogo amigo. É preciso lembrar que ex-governador do Maranhão é filiado ao PSB.

Dino já disse a interlocutores que as ondas de ataque não surpreendem, já que a pasta mexe diretamente com interesses do crime organizado. O diagnóstico do ministro a pessoas próximas é que o caso da Dama do Tráfico tomou proporção “absurda”. Na opinião dele, se trataria de uma agenda antiga com um secretário que “nem é dos mais conhecidos”. Uma consideração que só faz sentido diante de uma análise imediata dos contornos do vexame.

E os ataques contra o ministro da Justiça não são de hoje. Em março, circulou nas redes sociais uma notícia falsa afirmando que ele havia se reunido com líderes de um grupo criminoso no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.

Diante da escalada, o Palácio do Planalto e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressaram apoio a Dino. O governo reconheceu a necessidade de reagir aos ataques e demonstrar confiança no ministro. A pergunta que fica é se a sua indicação ainda possui força suficiente para convencer os senadores de que seja a escolha certa para o Supremo. É preciso lembrar que ao longo da história, só um indicado foi barrado, lá durante a República da Espada, o período militar que sucedeu a queda do Império, no final do século XIX.


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