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E se fosse no Brasil?

Minissérie “Intimidade” mostra em ficção a exposição de uma mulher na política. Na vida real, a toxidade surge por bem menos

A máxima política defende que não basta ser honesto, ainda mais importante é parecer como tal. Quando se trata de uma figura feminina na arena, é ainda pior. É o que nos mostra com requintes crus e machismo até da parte de outras mulheres o abalo de reputação sofrido por Malen Zubiri, na minissérie espanhola “Intimidade”, no Netflix. Só para situar, a protagonista é vivida por Itziar Ituño, a inspetora Raquel Murillo, de “La Casa de Papel”. Malen tem um vídeo de sexo adúltero exposto em uma campanha de difamação em redes sociais seguido de exploração midiática. O casamento que já era de fachada, se vai. A filha pira e o resto é trama.

Mas e se fosse no Brasil? Por aqui, as mulheres nos mais altos cargos públicos precisam se manter praticamente como vestais por pura precaução. Em dezembro de 2015, em uma confraternização natalina, um comentário baboso sobre a suposta vida amorosa da senadora Kátia Abreu terminou com um copo de uísque despejado com gelo e tudo na cara do colega José Serra. O divórcio entre Marta e Eduardo Suplicy, em 2001, rendeu mais olhares tortos para ela, que como qualquer um ou uma, namorou, casou, separou e hoje vive com outro companheiro, em uma relação de mais de uma década. No auge do desgaste de seu governo, Dilma Rousseff foi vítima de gaslighting político, com alegações de descontrole emocional. De vida afetiva árida e com sua mãe vivendo no Palácio da Alvorada, sobrou essa alternativa contra a presidente. A realidade se mostrou mais tóxica que a ficção.

Em 2016, a então deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila se viu no centro de uma controvérsia desnecessária quando amamentou sua bebê Laura, de 6 meses, durante uma sessão parlamentar que se alongou. Houve quem citasse “exposição desnecessária da mama” em um post da deputada sobre amamentação. As críticas vieram de brasileiros e brasileiras que parecem jamais ter visto mães com bebês chacoalhando no transporte público por horas.

Deepfake

Ninguém escapa. Em 2002, na campanha presidencial de Serra, até a militância dizia que a vice na chapa, a deputada Rita Camata, teria envolvimento com o colega. A alegação era que ela andava muito animada. Pura necessidade. A missão de Rita era aquecer o palanque para o sorumbático candidato. Já a senadora presidenciável Simone Tebet foi alvo de críticas diferentes há duas semanas, quando seu marido, Eduardo Rocha, contraiu covid. Como ela estava sem o vírus, o comentário era que ambos não dormiriam juntos. Uma estupidez. Para a frustração dos maldosos, Tebet covidou dias depois. Ninguém fala quando políticos adoecem, mas suas cônjuges se mantêm saudáveis. Sergio Moro testou positivo em janeiro, enquanto Rosângela Moro saiu incólume. O presidente Bolsonaro adoeceu em julho de 2020, a primeira-dama, só em setembro. E daí?

Em uma correlação direta com a minissérie “Intimidade”, qual seria o estrago contra uma candidata qualquer que fosse vítima de um vídeo manipulado como o que mostrou, em 2018, na campanha ao governo estadual, João Doria com mulheres nuas na cama? É provável que logo seja possível descobrir.

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