MONEY REPORT escolheu como Imagem da Semana a ilustração satírica que circula em redes sociais mostrando os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) trocando um intenso beijo. É uma gozação que ganha força diante do aparente insolúvel clima de polarização política que atinge o eleitorado brasileiro. A inspiração veio das ilustrações da revista Piauí, que mostrou Bolsonaro na mesma situação com o finado guru Olavo de Carvalho e até com a morte, quando do auge do negacianismo pandêmico. Há também a mesma cena representada entre o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o ex-presidente da Câmara, Eduarco Cunha (MDB-RJ). Estas e outras no mesmo tom são derivadas do fotograma “Beijo fraterno socialista”, captado entre o premiê soviético Leonid Brejnev e o líder da antiga Alemanha Oriental, Erich Honecker.
Quando os falecidos líderes comunistas europeus eram excepcionalmente próximos, em vez dos tradicionais três beijos nas bochecha dos russos, os lábios se tocavam com intensidade. O gesto é derivado do beijo fraterno ortodoxo oriental, que na tradição católica pode ser entendido como “sinal da paz” ou “rito da paz”. Captado por Régis Bossum, em Berlim Oriental, em 7 de outubro de 1979, o momento ganhou o mundo com força renovada em 1990, durante o processo de reunificação das Alemanhas, com o grafite de Dmitri Vrubel, “Meu Deus, ajuda-me a sobreviver a este amor mortal”. Virou um ícone pop e, por fim, um meme praticamente inevitável sobre o Brasil contemporâneo.