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Eduardo Leite precisa ser candidato à presidência em 2022?

O noticiário político continua a ser agitado pela sucessão presidencial, embora as eleições sejam apenas no segundo semestre. A discussão da vez é se o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, vai ou não deixar o PSDB e se filiar ao PSD para disputar o Palácio do Planalto.

Se essa transferência ocorrer, Leite vai materializar seu inconformismo em relação à derrota sofrida nas prévias do partido. Ele perdeu a indicação para o governador de São Paulo, João Doria, mas não ficou calado, fazendo críticas ao processo eleitoral e ao seu oponente.

Eduardo Leite tem 37 anos de idade e finaliza agora um mandato de governador. Tem um futuro político promissor à frente. Por que se candidatar agora?

Em primeiro lugar, esse seria um caminho natural para quem, durante a campanha de 2018, disse que era contra a reeleição e que não queria ser reconduzido ao cargo. Assim, ao obter projeção nacional, o próximo passo do governador seria tentar a presidência da República.

Ao mesmo tempo, Eduardo Leite parece se enxergar em uma missão contra o conservadorismo profundo que Jair Bolsonaro representa. Além disso, é contrário ao discurso negacionista do presidente em relação à pandemia e desaprova profundamente o comportamento de Bolsonaro, que contraria seguidamente as normas politicamente corretas.

Com esta atitude, Leite é um candidato feito sob medida para os jovens brasileiros urbanos. Do ponto de vista econômico, ele defende uma simplificação de nosso sistema tributário e melhor ambiente de negócios para os empresários, mas não pode ser considerado um liberal de carteirinha. Novamente, características que podem ser abraçadas pela juventude.

Ou seja, o governador enxerga uma oportunidade no cenário e quer agarrá-la. Mas, ainda assim, ele não poderia esperar quatro ou oito anos para se lançar ao Planalto?

Defensores de seu nome argumentam que ele tem taxas de rejeição menores que as de Doria, Sergio Moro e Ciro Gomes, outros nomes que se apresentam como representantes da Terceira Via. Dessa forma, ele teria maiores chances de vitória contra Luiz Inácio Lula da Silva ou Jair Bolsonaro.

Ocorre que, em todas as simulações eleitorais feitas até o final do ano passado, Eduardo Leite não obteve números muito diferentes daqueles de João Doria. E teria dificuldades para crescer no cenário atual.

Se ele for candidato em 2026, terá 41 anos – ou 45 em 2030. A título de comparação, o governador João Doria tem 64 anos, a mesma idade de Ciro. Ou seja, seus adversários completariam 68 em 2026 e 72 em 2030. Lula tem 76 anos e Bolsonaro, 66. Vale a pena queimar esse cartucho agora? Talvez não.

Política, porém, é arte de administrar o timing. Se Doria e Moro tivessem disputado a presidência em 2018, talvez Bolsonaro não estivesse aboletado no Planalto nos dias de hoje. Portanto, se o governador acredita que sua grande chance está em 2022, apesar da pouca idade, que lute por ela.

Curiosamente, apesar de jovem, ele tem mais experiência nas urnas que João Doria, pois assumiu seu primeiro cargo em 2009, como vereador em Pelotas. Portanto, contando com a campanha de 2008, são 14 anos de estrada. Doria, por sua vez, ingressou na política na campanha para prefeito de São Paulo em 2016. O governador paulista, no entanto, assumiu cargos de maior expressão nacional que Leite e pilotou orçamentos e desafios bem mais complexos que o suposto rival.

Caso não seja candidato pelo PSD em 2022, o que restaria a Leite? A possibilidade mais óbvia seria tentar ficar no Palácio Piratini, enfrentando um pequeno desgaste explicar a decisão ao seu eleitorado. Outra hipótese é disputar a eleição para o Senado. Mas, neste pleito, há apenas uma vaga na Câmara Alta e a disputa pode ser arriscada, até porque o vice-presidente Hamilton Mourão já anunciou sua candidatura ao mesmo cargo. Leite também pode ficar até o final do mandato e tentar a prefeitura de Porto Alegre em 2024, mas perderia um bom tempo sem espaço na mídia. Neste caso, ocupar uma cadeira na Câmara Federal seria uma solução relativamente fácil, com grandes possibilidades de exposição para sua figura.

O tempo, contudo, está passando. O governador tem até o dia 2 de abril para decidir se fica ou não no cargo.

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