Nesta terça-feira (30), pela primeira vez em 35 anos os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica apresentaram um pedido de demissão conjunta fora de uma troca presidencial. Em desavença com o presidente Jair Bolsonaro por não defenderem abertamente suas posições políticas, Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica) saíram um dia após a demissão do ministro da Defesa, general da reserva Fernando Azedo e Silva.
Sobrou para o substituto na pasta, o também general da reserva Walter Souza Braga Netto, que até a manhã de ontem estava ministro da Casa Civil. Em nota oficial, o ministério não informa a razão da saída dos três nem foram anunciados os substitutos.
O anúncio ocorreu após uma reunião do general Pujol, do almirante Barbosa e do brigadeiro Bermudez com Braga Netto. Ontem, os três estiveram reunidos com colegas de farda em Brasília. As saídas eram esperadas.
O que fica em aberto agora é a relação do presidente com as Forças Armadas, em especial com o Exército, já que o maior atrito ocorreu com o general Edson Pujol, que se recusou a criticar publicamente a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou os julgamentos do ex-presidente Lula. Bolsonaro queria a exoneração de Pujol, o que não foi acatado por Azedo e Silva. O trabalho de realinhamento está na costas de Braga Netto, por enquanto. O que fica claro, pelo menos no momento, é que as Força Armadas não querem mais entrar em questões políticas.
O comunicado
Ministério da Defesa
Centro de Comunicação Social da Defesa
Nota oficial
Brasília, DF
Em 30 de março de 2021
O Ministério da Defesa (MD) informa que os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos.
A decisão foi comunicada em reunião realizada nesta terça-feira (30), com presença do Ministro da Defesa nomeado, Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos Comandantes das Forças.