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Em uma semana, queimadas na Amazônia superam todo setembro de 2021

Marca coincide com a baixa execução do orçamento pelo Ibama, que até 5 de setembro usou apenas 37% do total para 2022

Em apenas sete dias de setembro deste ano, o número de queimadas na Amazônia já superou a quantidade de focos de incêndios de todo o mês de setembro de 2021. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma registrou 18.374 focos de incêndio entre 01 e 07 de setembro de 2022. Em 2021, foram 16.742 focos no mês inteiro – um aumento de quase 10%. Até agora, o bioma teve 64 mil focos de incêndio – os números de 2021 vêm sendo superados desde maio. No ano passado inteiro, foram registrados 75.090 focos).

Imagens de satélite mostram nuvem de fumaça provocada pelas queimadas, que há dias se espalha pelo Brasil, chegando a países vizinhos. Na segunda-feira, a dispersão do rastro de fumaça atingiu o Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Pará. Nesta quarta-feira (7), atingiu São Paulo, Paraná e Bolívia. Em Rio Branco, no Acre, a poluição atingiu níveis 13 vezes maiores que o recomendado pela Organização Mundial da saúde (OMS).

Fumaça sobre área de cinco milhões de km² do território brasileiro no Dia da Amazônia — Foto: Inpe

É recorde sobre recorde. O mês de agosto, segundo o Observatório do Clima (OC), teve o maior número de queimadas na Amazônia para o mês em um período de 11 anos. Isso corresponde também a uma alta de 41% da área queimada no bioma de janeiro a julho em relação ao mesmo período do ano passado.

A marca coincide com a baixíssima execução pelo Ibama do orçamento para prevenção e controle de incêndios florestais em 2022. Até 5 de setembro a aplicação dos recursos disponíveis para essa finalidade foi de apenas 37%, informou o Observatório do Clima (OC), a partir de dados obtidos no Painel do Orçamento Federal (Siop) nesta segunda-feira (5). Na data, o Ibama havia liquidado apenas R$ 19,48 milhões dos R$ 52,75 milhões autorizados para prevenir e controlar incêndios nas florestas brasileiras.

Um dos dez cientistas mais importantes do mundo em 2019 segundo a revista Nature, o então diretor do Inpe foi demitido por Jair Bolsonaro em julho daquele ano por divulgar dados sobre desmatamento obtidos pelo órgão. Ou seja, em vez de se combater a febre, melhor quebrar o termômetro.

Ao G1, o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, lembrou que a situação na Amazônia vem piorando a cada dia desde o chamado “Dia do Fogo” na Amazônia, em agosto de 2019. “De la para cá, a situação só piorou e agora os destruidores da floresta estão fazendo o mês do fogo na Amazônia. Estamos vendo a maior floresta tropical do planeta ser carbonizada à luz do dia, uma situação que é alimentada pela impunidade e total falta de interesse do governo em combater o crime ambiental.”

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