Plataforma Sevva mudou algoritmos. “Ninguém deve colocar dinheiro lá”, disse CEO da All Street. Outras agências devem fazer o mesmo
A empresa de tecnologia financeira All Street SEVVA, proprietária da Sevva.ai, modificou os algoritmos usados para calcular as classificações de sustentabilidade em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, no que se acredita ser o primeiro movimento do tipo de uma empresa de classificação.
A companhia afirma que direcionar investimentos para títulos russos não é compatível à luz do risco atual para a paz europeia e mundial. “Acreditamos que todas as empresas sediadas na Rússia estão em conflito flagrante não apenas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Estamos rebaixando todas as empresas russas para zero porque queremos enviar um sinal. Ninguém deve colocar dinheiro lá”, afirmou Emanuela Vartolomei, fundadora e CEO da All Street (imagem).
A All Street pede que outras empresas de classificação ESG e fornecedores de índices façam movimentos semelhantes. Os bancos, incluindo o JP Morgan, também estão sob crescente pressão dos investidores para excluir a Rússia de todos os índices. “Acreditamos que todas as outras agências de classificação deveriam fazer o mesmo porque nesse momento não haverá debate no espaço profissional de investimentos que devemos considerar ou pensar em empresas russas até que esse bloqueio seja resolvido”, exaltou Vartolomei.
A MSCI ESG Research rebaixou a Rússia para B de BBB e Belarus para B de BB com efeito imediato, ambos com perspectiva negativa. Também iniciou sua avaliação de eventos do Sovereign Watch, que permite refletir o impacto imediato de grandes eventos em circunstâncias extraordinárias, e está monitorando as classificações governamentais para Rússia, Belarus e Ucrânia.
“Estamos monitorando a situação de perto e acreditamos que ainda há um risco significativo de queda para o rating do governo ESG da Rússia. É possível que novos desenvolvimentos ainda possam levar a um rebaixamento adicional”, informou a MSCI.
Todd Rosenbluth, chefe de ETF e Pesquisa de Fundos Mútuos da CFRA Research, explicou que os rebaixamentos provavelmente teriam pouco impacto na maioria dos fundos ESG “dada a baixa exposição atual à Rússia em comparação com a China” ou outros mercados maiores. Apenas cerca de 3% das participações da BlackRock iShares ESG MSCI EM Leaders ETF estão na Rússia, por exemplo, informou Rosenbluth.
Questionada sobre os rebaixamentos, a BlackRock não comentou qual impacto poderia haver em seus fundos de índice. Em comunicado enviado por um porta-voz da empresa, a BlackRock informou que está consultando reguladores, provedores de índices e outros participantes do mercado “para ajudar a garantir que nossos clientes possam sair de suas posições em títulos russos” quando permitido. A BlackRock também prometeu cumprir todas as leis e regulamentos de sanções aplicáveis.
JP Morgan sob pressão
O JP Morgan colocou a Rússia sob revisão para remoção de seu conjunto de índices JESG a partir de 31 de março, mas atualmente não está propondo remover a dívida existente de entidades russas de seus índices tradicionais.
Investidores como Tim Ash, da BlueBay Asset Management, estão pedindo aos fornecedores de índices que removam a Rússia e as entidades russas de todos os índices de títulos se levarem a sério a sustentabilidade. Ash diz que a decisão do JP Morgan de não fazer isso “não foi boa o suficiente” e foi contundente sobre o banco dos EUA “só retirando a Rússia dos índices ESG, mas ‘pensando’ no resto”.“Crimes de guerra estão sendo cometidos agora. Se realmente se importa com o ESG, agiria agora.”, reclamou.
Vartolomei do All Street concorda. “Por que apenas índices ESG? Todos os índices, exclua a Rússia. Toda empresa precisa fazer o que puder para enfraquecer o regime de Putin, e a decisão de hoje da All Street reflete isso.” Além de enviar um sinal poderoso aos mercados de capitais sobre a alocação de capital para a Rússia, a All Street diz que espera que sua medida impeça novos investidores de tentar lucrar com a crise.
Sobre a Sevva
A Sevva usa a IA para ler milhares de documentos quase instantaneamente e calcular as classificações de sustentabilidade ESG em tempo real para 70 mil empresas públicas e privadas com base nos ODS da ONU. Seu serviço é uma das ferramentas para ajudar os investidores a avaliar o desempenho ESG das carteiras, atender seus próprios requisitos de divulgação e criar análises sobre o impacto das mudanças climáticas.
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