Para discutir e tentar resolver questões de competitividade, diversidade e desigualdade social, as cidades deveriam se tornar agente do próprio desenvolvimento. Para tanto, disseminação de conhecimento, ferramentas de gestão e tecnologias cada vez mais devem assumir o papel que até agora era concentrado nos chefes de Estado e administradores federais. Este é o tema da coletânea de ensaios políticos “O novo Municipalismo” (Editora Ex Libris, 118 páginas). O volume foi organizado por Marco Vinholi, secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo. Chegado ao tema por sua atividade pública, ele também assina a introdução.
Os dez coautores apresentam um conjunto de reflexões que costumam estar dispersas nas discussões sobre desenvolvimento econômico e cidadania. Sem receio de ousar, eles abordam como modelar as cidades para o futuro, sem desprezar a imensa responsabilidade dos gestores locais com investimentos, infraestrutura e inclusão social. A proposta geral é tão simples quanto desafiadora. Se os parâmetros apresentados forem adotados, as cidades brasileiras poderiam abrigar economias mais competitivas, com sensíveis mobilidades urbana e social. E as que não consigam chegar a tanto por algum motivo ou outro, também teriam mais condições de mudar de rumo de maneira menos traumática para seus habitantes.
“O novo municipalismo é um assunto que deve ser compartilhado, pois se trata de uma tendência cada vez mais essencial. É a implementação do que o governador André Franco Montoro [1916-1999] concebeu há 40 anos, com descentralização das políticas, fortalecimento dos orçamentos e ações conjuntas”
Marco Vinholi
Os autores parecem concordar que intenção é menos instigar um movimento e mais oferecer alternativas – atitude pouco usual nos tempos atuais. É recorrente a crença que não se deve temer um certo grau de independência das administrações e da sociedade organizada em relação aos poderes estaduais e federal. Cidades que se valerem de uma gestão empreendedora que souber explorar vocações locais podem se tornar potentes polos regionais sem esperar ações externas centralizantes, estabelecendo centros comerciais, financeiros, industriais e de serviços, de acordo com as oportunidades condições. Essas provocações e propostas foram colocadas no papel por Marco Vinholi, Andrea Calabi, Barjas Negri, Fernando Montoro, Fred Guidoni, Gláucio Neves, Marcos Campagnone, Renan Bastianon, Rosane Ribeiro e Sebastião Misiara (reunidos na imagem de destaque). “O novo Municipalismo” será lançado nesta quinta-feira (2), a partir das 18h, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em São Paulo.