Associação, confederação, sindicato e frente parlamentar do setor são contrários aos bloqueios e motivações dos manifestantes
Enquanto dezenas de rodovias em todo o país foram bloqueadas por manifestantes pró-Bolsonaro que pedem intervenção militar democrática – seja lá o que isso quer dizer -, desde a noite deste domingo (30), entidades ligadas às empresas de transporte rodoviário condenaram as manifestações dos caminhoneiros e simpatizantes, que resultaram em tumulto e prejuízos em 22 estados. As manifestações são promovidas por autônomos e pequenos empresários, mas as autoridades não divulgaram quem coordena as ações – se é que sabem.
Para a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), o movimento de natureza política sem ser de viés grevista fere o direito de ir e vir de todos os cidadãos. “Espera-se que prevaleça o bom senso e o interesse maior de todo o povo brasileiro e de todos os agentes econômicos e produtivos, a imediata da normalidade das atividades econômicas, a livre circulação de pessoas e bens fundamental ao desenvolvimento do país”, afirmou o presidente da entidade, Franciso Pelucio.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) também acompanha as paralisações. Em nota, a entidade informou que além de transtornos econômicos, paralisações geram dificuldades para locomoção de pessoas, inclusive enfermas, além de limitar o acesso de produtos de primeira necessidade da população, como alimentos, medicamentos e combustíveis. “A CNT tem convicção de que as autoridades garantirão a circulação de pessoas e de bens por todo o país com segurança, entendendo que qualquer tipo de bloqueio não contribui para as atividades do setor transportador e, consequentemente, para o desenvolvimento do Brasil”, relatou.
O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, também se posicionou contra. Segundo o dirigente, é preciso respeitar o resultado das urnas e sentar com o novo governo para negociar antes de apelar para os protestos. “A Abcam não concorda com essa situação que estamos vendo. Agora é um momento de reflexão, não importa quem perdeu ou ganhou. Ficar parado nessas horas, ainda mais no final do mês, complica o nosso trabalho”, afirmou Lopes, avaliando que os protestos não estão sendo feitos por caminhoneiros, mas sim por empresários que possuem frotas de caminhões.
O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, declarou que a organização não apoia nenhum tipo de manifestação contra o resultado das eleições. Ele ainda classificou como criminosos os caminhoneiros que bloqueiam as rodovias.
Um dos líderes da greve de 2018, o caminhoneiro Wallace Landim, conhecido como Chorão, pediu aos colegas nesta segunda-feira (31) que suspendam os bloqueios iniciados após a confirmação da derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Nesse momento, parar o país vai prejudicar muito a democracia. Precisamos ter reconhecimento da democracia, da vitória do presidente [Luiz Inácio Lula da Silva]”, afirmou em vídeo divulgado nas redes sociais.
A manifestação de 2018, considerada a maior da história da categoria, começou em 21 de maio e durou 10 dias. A greve se deu por causa do aumento do óleo diesel. A alta do combustível estava associada ao aumento do dólar e do petróleo no mercado internacional. Na ocasião, o litro do diesel custava em média R$ 3,60. Em dezembro de 2018, já com Bolsonaro eleito, uma nova greve não vingou. Em janeiro de 2021, um novo movimento foi contornado, seguido de bloqueios em setembro e um ameaço entre outubro de dezembro, todos contornados. Atualmente, o preço médio do combustível está em torno de R$ 5,20, mesmo com o congelamento dos preços feito pela Petrobras nos últimos meses, e os caminhoneiros autônomos recebendo parcelas de ajuda emergencial do governo .
O que MONEY REPORT publicou