Ao sair do Hospital do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, nesta manhã (18), onde ficou internado quatro dias para tratar uma obstrução intestinal, o presidente Jair Bolsonaro mergulhou nas questões mais agudas de governo. Primeiro defendeu o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmando que em Brasília há muito lobista “tentando vender terreno na lua”. Na sexta-feira (16), uma reportagem do UOL mostrou que o ex-ministro participou de uma renião fora da agenda oficial com representantes que ofereciam 30 milhões de doses da CoronaVac pelo trilo do preço. A negociação não foi adiante, mas foi denunciada pelos irmãos Miranda e faz estragos no governo com a CPI da Pandemia.
Depois dessa defesa precária de uma de seus mais dedicados subordinados, Bolsonaro deu a entender que pode vetar o novo fundo eleitoral, o Fundão, inflacionado para quase R$ 6 bilhões para as eleições de 2022. O texto foi aprovado no âmbito da nova Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, na quinta-feira (15), mas ainda depende da sanção do chefe do executivo. O presidente disse que o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), atropelou a votação. Quem ganharia seriam os partidos, que veriam os fundos de campanha engordados.
Para Bolsonaro, os R$ 6 bilhões deverão ter outra serventia, como em obras de recapeaentgo ou para levar água potável ao interior do Nordeste. “Então, num projeto enorme, alguém botou lá dentro essa casca de banana, essa jabuticaba. O Parlamento descobriu, foi tentando destacar para que a votação fosse nominal. Essa questão, o presidente Marcelo Ramos, do Amazonas… Pelo amor de Deus, o estado do amazonas ter um parlamentar como esse, pelo amor de Deus”, criticou. Se vetar, Bolsonaro pode se desgastar com a base aliada, mas sair fortalecido com a opinião pública, depois de ver sua popularidade despencar.
Agenda de segunda
Se voltar ao trabalho na segunda-feira (19), o presidente pretende se encontrar com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para tratar da covid-19, apresentando uma nova complicação na pandemia: o medo.“Não deixei de trabalhar aqui. Conversei com vários ministros, paguei missão para vários ministros. Vou pegar o Queiroga amanhã, vou conversar com ele [sobre] a questão da covid. Tive acesso a estudo do CDC, Centro de Estudos de Doença dos Estados Unidos, e o que mais mata de covid, em primeiro lugar, é quem está com obesidade, em segundo lugar, quem está tomado pelo pavor ou pelo pânico. Lembra que eu falava lá atrás que tem que enfrentar, não tem jeito, quem está com pânico ou com pavor, a chance [da covid-19] de evoluir para uma piora gravíssima é muito grande”, disse.