Telegramas obtidos pela Folha de S. Paulo apontam que o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo fez um esforço diplomático – principalmente junto à Índia – para a obtenção de cloroquina pelo Brasil. As mensagens indicam que o ex-chanceler mobilizou o aparato do Itamaraty para garantir o fornecimento mesmo após os alertas da comunidade médica e científica para a ineficácia do remédio no tratamento de pacientes com o novo coronavírus e os riscos de efeitos colaterais. Segundo o jornal, o movimento comandado por Araújo pelo medicamento começou em março de 2020, com as primeiras manifestações do presidente Jair Bolsonaro sobre uma “possível cura para a doença”. Em junho do ano passado, quando já era desaconselhado o uso da cloroquina, o corpo diplomático brasileiro ainda foi acionado sobre o assunto, mostram os telegramas. Ernesto Araújo, demitido do governo no fim de março deste ano , será ouvido na quinta-feira (14) pela CPI da Pandemia no Senado. Além de responder sobre o empenho em relação à cloroquina, o ex-chanceler deve ser questionado sobre sua atuação – ou omissão – nos acordos para a compra das vacinas e dos insumos para a fabricação dos imunizantes. A conduta dele nas relações com a China tende a ser o principal foco dos senadores que integram a comissão.