O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira (29). Segundo o site do jornal O Globo, o próprio Araújo comunicou a decisão aos seus subordinados. O chanceler vinha sofrendo intensa pressão desde a última semana, especialmente por parte dos senadores. A principal crítica era que a atuação dele na pasta piorou as relações com a China, o que teria afetado, entre outras coisas, a compra de insumos para o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus e para a produção de vacinas contra a doença.
Existia ainda o temor de que a permanência dele pudesse afetar os negócios brasileiros com outros países, com destaque para o agro. Em um último suspiro, o chanceler associou sua fritura a um lobby chinês pela tecnologia 5G. No Twitter, ele divulgou o relato de uma conversa privada com a senadora Katia Abreu (PP-TO). A postagem foi criticada por outros parlamentares, que reiteraram o desejo pela demissão de Araújo.
Quem pode virar chanceler
Nestor Foster, embaixador do Brasil nos EUA: diplomata de carreira, bem visto por políticos e pelos membros do Itamaraty. Porém, foi o mesmo que orientou o presidente Jair Bolsonaro a não reconhecer a vitória do democrata Joe Biden nas eleições americanas.
Luiz Fernando Serra, , embaixador do Brasil na França: alinhado com Bolsonaro e Olavo de Carvalho, se manteve firme diante das críticas do presidente francês Emmanuel Macron contra a política ambiental brasileira.
Maria Nazareth Farani, cônsul em Nova York: convenceu o ministro Ernesto Araújo a não sair do Consórcio Covax para aquisição de vacinas.
Flávio Rocha, almirante e chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom): é alinhado com Bolsonaro e ajudou a acalmar ânimos diante das crises protagonizadas por Araújo.
Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado: conseguiu eleger Rodrigo Pacheco (DEM-MG) seu substituto e sempre deixou claro que gostaria de manter a relevância. Já demonstrou interesse em ocupar um cargo ministerial.
Correm por fora os senadores Nelsinho Trad (PSD-MS), Antonio Anastasia (PSD-MG) e Fernando Collor (Pros-AL). Até o ex-presidente Michel Temer é considerado.