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Fazer melhor com menos dinheiro

É o primeiro dia de expediente completo do novo governo, que jura equilibrar o social e o econômico com os cofres comprometidos

Teve aclamação da multidão, drone abatido, cachorrinha no colo, Dilma escorregando na rampa e choros emocionados. Bem, acabou. É segunda-feira, segundo dia do ano e o primeiro de expediente completo do novo governo em Brasília. É hora de tomar pé de verdade do que foi deixado pelo anterior. Apesar dos relatórios dos grupos de trabalho darem alguma ideia, o tal estrago que Bolsonaro e sua equipe deixaram ainda não foi devidamente dimensionado pela opinião pública. O fato de o novo presidente temer a existência de grampos no Palácio da Alvorada, a residência oficial, dá alguma dimensão da animosidade entre quem entrou, quem saiu e quem ainda está na porta do quartel.

O certo é que para cumprir suas reafirmadas promessas de campanha, Lula terá que mostrar habilidades inéditas como gestor público, fazendo mais e melhor no social, na saúde e na educação com menos recursos disponíveis – pelo menos no fundamental primeiro ano de mandato. Isso tudo e ainda tentar criar um ambiente saudável para a economia, apesar da sempre presente desconfiança do setor produtivo. Ainda que conte com a simpatia internacional e a possibilidade de o Brasil exportar mais por causa da instabilidade na Europa por causa da Guerra na Ucrânia, não há no horizonte a possibilidade de um novo boom das commodities como o que beneficiou os dois primeiros mandatos de Lula. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já alertou que 2023 pode ser complicado, já que as economias dos Estados Unidos, China e União Europeia estão lentas.

Rombo de R$ 300 bi

Os principais obstáculos da transição foram aparentemente resolvidos ou deixados de molho com muita negociação. Se quiser manter a economia no caminho do desenvolvimento e abrir mercado com a inclusão do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – até a Costa Rica está lá – Lula, a esquerda e o Centrão terão que tocar pelo menos parte das reformas administrativa e tributária. Sem isso, de nada adiantará à Receita arrecadar melhor sobre uma base estagnada. Fernando Haddad, como chefe da Fazenda, já afirmou que as desonerações do PIS/ Pasep e Cofins desidrataram o orçamento em R$ 15 bilhões, atingindo um rombo total de R$ 300 bilhões. Parece e é muito, mas só a PEC da Transição permitiu ao novo governo aumentar em R$ 145 bilhões o teto de gastos no Orçamento de 2023 para bancar despesas como o Bolsa Família, o Auxílio Gás, a Farmácia Popular e outros.

Agora resta um ano e meio para colocar a casa em ordem – depois começam os preparativos para as eleições municipais e tudo pode mudar. O governo precisa preparar e aprovar suas principais soluções e promessas até lá. Depois, se a vida não andar direito, com a insatisfação batendo nas bases eleitorais dos partidos, restará enxugar gelo, dando munição para a direita tóxica que não admite ser superada nas urnas. A solução reside em um equilíbrio delicado e contraditório. Lula terá que criar condições para a economia acelerar enquanto emprega recursos públicos minguados para executar suas políticas sociais.

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