A agência sanitária norte-americana, a FDA, revogou a autorização de uso emergencial da cloroquina e da hidroxicloroquina para casos de covid-19. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (15). No comunicado, o órgão governamental afirmou: “à luz dos eventos adversos cardíacos graves e outros efeitos colaterais graves, os benefícios conhecidos e potenciais de CQ [cloroquina] e HCQ [hidroxicloroquina] não superam mais os riscos conhecidos e potenciais para o uso autorizado”.
Esse é só o capítulo mais recente sobre o uso das substâncias. A autorização foi dada nos EUA 28 de março, quando as evidências científicas disponíveis permitiam à agência crer que haveria benefícios aos pacientes. Os presidentes dos EUA, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro, defendem o uso dessas drogas nas fases iniciais da doença, mesmo contrariando os pareceres de pesquisas independentes e orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, a questão resultou na saída dos dois últimos ministros da Saúde, Henrique Mandetta e Nelson Teich, que discordaram abertamente de Bolsonaro.
No final de maio, um estudo apontou que a hidroxicloroquina e a cloroquina traziam riscos cardíacos, o que provocou a suspensão do uso até uma reavaliação. Como o trabalho apresentou problemas metodológicos e falta de transparência no envio dos dados brutos, as pesquisas foram retomadas. Porém, mesmo antes do anúncio da FDA, os efeitos dos medicamentos eram classificados como “muito baixos”.
“Observações iniciais de diminuição do derramamento viral com tratamento com HCQ ou CQ não foram consistentemente replicadas; e dados recentes de um estudo controlado randomizado que avaliava a a probabilidade de conversão negativa não mostrou diferença entre a HCQ e o atendimento padrão”, escreveu a agência.