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Flagrante de desarmamento moral

Entre intimidações e um arremesso quase atlético, a Imagem da Semana mostra que às vezes é preciso intolerar os intolerantes

MONEY REPORT escolheu como sua imagem da semana o registro – bem borrado – do diretor de jornalismo da TV Cultura, Leão Serva (62), arremessando para longe e aos palavrões o celular do deputado estadual do Republicanos que tenta se eleger federal, Douglas Garcia (28), quando este agredia verbalmente e tentava intimidar a jornalista Vera Magalhães, apresentadora do programa Roda Viva, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. O episódio ocorreu na noite de terça-feira (13), na área destinada aos convidados que acompanhavam o debate entre os candidatos ao governo do estado de São Paulo, no Memorial da América Latina. Serva havia mediado o evento transmitido ao vivo e, ao perceber a confusão armada pelo deputado, entrou em ação. “O celular é o centro da cena. E o deputado estava ali para ‘lacrar’. Nesse átimo, percebi que, ao agarrar o celular, eu interromperia a cena”, afirmou em uma entrevista ao UOL, explicando seu lado no episódio. A cena virou meme, associada a um grafite famoso do artista Banksy (na ilustração).

O que fica dessa cena lamentável é o alerta de que quando jornalistas vão para o noticiário político, algo anda errado com o jeito que se faz política. Arrancar objetos da mão dos outros e ofender de “f.. d… p…”, sejam parlamentares ou qualquer um, também jamais será uma demonstração de civilidade. Mas da parte de Garcia foi pior. Só faltou agressão física. Ao se livrar do celular, o jornalista negou ao deputado troglodita sua ferramenta de trabalho sujo. Sem acesso às redes sociais, um bolsonarista raiz ficou broxável. Serva só lamentou seus palavrões. Sobre o curso de suas ações, justificou: “Esse será o tema de minha próxima aula. Entre as muitas facetas [do caso]: intervir em uma cena jornalística (uma questão eterna da ética) é defensável; defender uma mulher de agressão é uma imposição moral; tirar a arma de um criminoso é uma ação defensável; jogá-la longe pode ser uma solução.”

A confusão toda e a decorrente ação podem interpretadas à luz do Paradoxo da Intolerância, apresentado pelo filósofo Karl Popper em sua obra “A Sociedade Aberta e Seus Inimigos” (1945), na qual afirma que a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância, conforme explicado em outro didático meme. “Devemos exigir que qualquer movimento que pregue a intolerância fique à margem da lei e que qualquer incitação à intolerância e perseguição seja considerada criminosa, da mesma forma que no caso de incitação ao homicídio, sequestro de crianças ou revivescência do tráfico de escravos”, escreveu o pensador, que também foi um dos primeiros a estudar sobre teorias conspiratórias.

De acordo com a ONG Jornalistas Sem Fronteiras, desde o início da campanha eleitoral, Vera Magalhães é a jornalista mais atacada nas redes sociais, recebendo 27 mil mensagens de ódio. A pesquisa analisou os perfis de 120 de jornalistas e 2,8 milhões hashtags. Já Garcia foi proibido de participar dos próximos debates pelo candidato de seu partido, Tarcísio de Freitas.

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