A companhia anglo-suíça de mineração Glencore aumentará o monitoramento via satélite de suas barragens de resíduos (lama, rochas e metais de baixo valor) em todo o mundo. A medida é uma tentativa de aumentar a segurança de populações locais e do meio ambiente, após os desastres que ocorreram em Mariana (imagem), em 2015, e Brumadinho, em 2019, com o rompimento das barragens das mineradoras Samarco e Vale, respectivamente. Ambos os acidentes provocaram 291 mortes e bilhões de reais em prejuízos materiais, sem contar gigantescos danos ambientais.
O monitoramento será da empresa Tre-Altamira e é o maior acordo de monitoramento da indústria até o momento, abrindo um novo capítulo na prevenção de risco – algo que deve ser adotado pelas grandes empresas do setor. Os dados serão coletados a cada 11 dias. A resolução padrão das imagens será em tomadas de 9 metros quadrados, o que permitirá detectar movimentos de poucos milímetros. A Glencore é a quarta maior mineradora do mundo, atrás da Vale, da BHP Billiton e da Rio Tinto.
A iniciativa envolverá o monitoramento de mais de 110 das 126 instalações de armazenamento de rejeitos da Glencore. A empresa afirmou que no ano passado, 17 de seus locais de rejeitos tinham “problemas potenciais de estabilidade durante eventos climáticos ou sísmicos” e que estava lidando com isso com vários métodos, como contrafortes para reforçar as paredes da barragem.
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), existem 790 barragens de rejeitos de mineração no Brasil. Dessas, 204 apresentam alto potencial de risco, ficando 134 delas no estado de Minas Gerais – 18 em Nova Lima e 14 em Ouro Preto. Só a barragem de Eustáquio, às margens da BR-040, em Paracatu, tem 60 vezes a capacidade do reservatório de Brumadinho. Em São João del-Rei, uma barragem está praticamente sobre um bairro.