“Não é para ver quem tem a melhor proposta, é para ver quem aguenta”, disse o coach Marçal, que aposta na polarização para chegar ao segundo turno
Direto ao ponto. Em um momento do descompensado debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, transmitido pela TV Gazeta, na noite de domingo (1º), o protagonista Pablo Marçal (PRTB) deixou escapar como faz campanha política, tirando intenções de votos dos opositores. “Eu gosto é da baixaria”, afirmou. Foi a proposta de campanha mais importante apresentada até agora – e também a única que pode ser cumprida ainda na corrida eleitoral.
Enquanto os demais, Nunes (MDB), Boulos (Psol), Tabata (PSB) e Datena (PSDB), estavam (mal) preparados para discutir propostas enquanto trocariam críticas, Marçal dobrou a aposta, disparando apelidos e debochando dos demais. Não que tenha sido o único, mas fez melhor. Não era para ver quem teria a melhor proposta, é para ver quem aguentava.
E assim Marçal dominou o palco e a narrativa, tirando o foco dos demais. Enquanto Tabata o atacava, ele mostrava seu boné e fazia o “M” com as mãos. Datena perdeu as estribeiras, violou as regras, saiu de seu púlpito e foi peitar Marçal no meio do debate – algo nunca visto em uma transmissão de grande capital.
Para Boulos ficou o apelido de “Invasor”, Nunes virou “Bananinha”, Datena, “seu Madruga”, e Tabata, “Chatábata”. Essa conversa toda, que teve nos bastidores trocas de empurrões e interferências da segurança da Gazeta, mostrou que política de massa para cargos executivos com possibilidade de segundo turno se tornam puro entretenimento grosseiro. O debate virou um reality show para eleger o síndico de uma versão genérica de “A Fazenda”. Propostas e debates perderam a importância nesta fase. Marçal prometeu dois milhões de empregos. Como? Ninguém perguntou. Ninguém contestou. Essa parte da campanha deixou de ser importante e ficará só para a propaganda eleitoral. Lá, os até há pouco protagonistas das pesquisas, o prefeito Ricardo Nunes e o deputado federal Guilherme Boulos, tentarão conter a desidratação que os afligem.
O que MR publicou
