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Governo começa a reestruturar Abin removendo seu nº 2

Cientista político Marco Cepick será o novo diretor-adjunto no lugar de delegado federal ligado aos Bolsonaro

Dada como certa desde ontem, a queda do diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti, vazou no início da noite desta terça-feira (30). Ele seria o primeiro. As sete secretarias da agência teriam seus líderes removidos, em uma grande reestruturação interna por perda de confiança. Para as vagas entrariam servidores de carreira da própria Abin. Quatro seriam mulheres, um movimento para valorizar a agência, que costuma ser dirigida por delegados federais.

No lugar de Moretti deve entrar Marco Aurélio Cepick (imagem), cientista político, especialista em inteligência e professor de relações internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele não é um novato, pois dirige a Escola da Abin. Seu nome é considerado desde o final da semana passada.

Cepick ocuparia a vaga sem enfrentar oposições políticas e se manteria afastado das disputas com a PF, que nunca aceitou qualquer relevância por parte da Abin. Considerado confiável pelo governo, o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, seria mantido pelo presidente Lula pelo menos por enquanto.

Moretti cai na esteira do escândalo de espionagem protagonizado por auxiliares do diretor durante a gestão Jair Bolsonaro (2019-2022), Alexandre Ramagem. Ex-chefe de inteligência da Polícia Federal durante a gestão de Anderson Torres, Moretti é próximo do clã Bolsonaro, assim como Ramagem, que foi eleito deputado (PL-RJ). Há indícios fortes que os beneficiários das informações ilegais sobre personalidades política e jurídicas obtidas por meio de monitoramento eletrônico ilegal seriam os Bolsonaro, por meio do filho 02, o vereador Carlos (Republicanos-RJ).

Os investigadores da PF acreditam que Moretti, mesmo sendo um delegado da corporação, dificultou o trabalho dos antigos colegas que apuram a espionagem. Desde que assumiu, Moretti foi alvo de críticas do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que o considerava pouco confiável.

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