O cantor sertanejo Gusttavo Lima anunciou que poderá ser candidato à presidência da República em 2026, em entrevista ao portal Metrópoles. Ainda não se sabe muito sobre quais seriam as propostas políticas do artista – e ele mesmo não se aprofundou sobre isso. “Chega dessa história de direita e de esquerda. Não é sobre isso, é sobre fazer um gesto para o país, no sentido de colocar o meu conhecimento em benefício de um projeto para unir a população”, disse.
Apesar de ter se colocado como uma carta fora do baralho da polarização, Gusttavo pode ser considerado um nome alinhado à direita. Afinal, apoiou Jair Bolsonaro em 2018 e 2022, além de ter pedido votos para Pablo Marçal na campanha à prefeitura de São Paulo no ano passado.
Volta e meia, celebridades falam em chegar ao Planalto – ou são lembradas espontaneamente pelo público. O apresentador Luciano Huck, por exemplo, já ensaiou duas vezes uma candidatura, mas permaneceu na TV Globo. Já o publicitário Roberto Justus surgiu, em certa ocasião, muito bem colocado em uma enquete eleitoral, mesmo sem tomar a inciativa de submeter seu nome à avaliação de um partido.
No início da redemocratização, o apresentador Silvio Santos tentou concorrer ao Planalto. Acabou impugnado pela Justiça Eleitoral, mas não chegou a entusiasmar o eleitor. Já o coach Pablo Marçal incendiou a eleição de 2024 em São Paulo e por muito pouco não passou para o segundo turno. Mesmo assim, sua participação ganhou notoriedade nacional por conta das tiradas instagramáveis e uma estratégia totalmente voltada para gerar engajamento nas redes sociais.
A grande dúvida é: Gusttavo vai repetir a performance de Silvio Santos ou a de Pablo Marçal?
Estes exemplos são importantes para balizar as expectativas em relação ao sertanejo. O apresentador Silvio Santos não conseguiu transferir sua popularidade para o candidato Silvio Santos. Os eleitores o idolatravam como showman, mas não o consideraram um nome que poderia ocupar o Palácio do Planalto. Já Pablo Marçal usou o raciocínio rápido, o carisma e um discurso voltado à ascensão social para se transformar na grande estrela do pleito de 2024. O problema é que Marçal era também chegado a provocações e a presepadas. Acabou derrotado principalmente pelas demonstrações de radicalismo, pelas provocações e pela divulgação de um laudo médico falso do opositor Guilherme Boulos.
A prudência diz que é melhor, nestes casos, colocar os eventuais preconceitos de lado e escutar as propostas do candidato. Até agora, ele falou em desburocratização e redução de impostos – duas plataformas políticas que soam como música para os empresários.
“A gente tem que desburocratizar para o país funcionar melhor. Os pobres estão sem poder de compra, e o setor do agronegócio não aguenta mais pagar impostos e não ter benfeitorias para investir em seus próprios negócios. Eu acho que posso ajudar, talvez mude de ideia até 2026, mas hoje a minha disposição está muito inclinada para me tornar um candidato à presidência”, disse.
Aguardemos, agora, mais propostas do candidato Gusttavo. E vamos ver se ele consegue uma sigla competitiva para abrigar sua candidatura. Talvez esse seja o maior desafio de todos para o sertanejo que pensa em se aventurar pelos caminhos da política.