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Há duas lacunas na investigação do tiroteio que matou petista

Processo tramitou rápido e descartou motivação política, mas sem análise de leitura labial e das mensagens trocadas pelo atirador

Em apenas cinco dias foi concluído pela Polícia Civil o inquérito sobre o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, abatido a tiros na noite de 9 de junho pelo agente penitenciário federal Jorge Guaranho, enquanto comemorava seu aniversário de 50 anos em uma festa temática do PT, em Foz do Iguaçu (PR). Não parece ser um caso de eficiência investigativa, já que alguns pontos ainda não foram esclarecidos. Faltam os laudos sobre as conversas por e-mail e aplicativos de mensagem no celular do bolsonarista José Guaranho, e a leitura labial nas imagens captadas pelas câmeras de segurança internas e externas do clube onde ocorru o confronto.

O resultado parece apenas desejar que a hipótese de crime de natureza política seja descartada por enquanto, apesar de o atirador gritar “Aqui é Bolsonaro”, conforme testemunhas. Baleado por Arruda, Guaranho se encontra hospitalizado sob custódia policial. Ele foi indiciado nesta sexta-feira (15) por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e por causar perigo a outras pessoas. Se condenado, sua pena que pode variar de 12 a 30 anos de prisão.

No entendimento da delegada Camila Cecconello é que não há comprovação de que o atirador pretendia impedir a vítima de exercer os seus direitos políticos. “Para você enquadrar em crime político contra o Estado Democrático de Direito, tem alguns requisitos, como impedir ou dificultar a pessoa de exercer seus direitos políticos. Quando [Guaranho] chegou [ao local do crime], ele não tinha a intenção de efetuar os disparos. Esse acirramento da discussão fez com que o autor voltasse e praticasse o homicídio”, afirmou.

A delegada substituiu, a partir de 11 de julho, a colega Iane Cardoso do comando da investigação. Cardoso foi afastada para evitar críticas ao trabalho policial, já que no passado fez postagens pessoais contra o Partido dos Trabalhadores (PT), a qual a vítima era filiada e chegou a ser candidata em duas eleições municipais.

O PT avalia que a conclusão apresentada pela Polícia Civil do Paraná corrobora o pedido de federalização feito pelo partido à Procuradoria-Geral da República (PGR). “Ficou evidente que a Polícia Civil não quer reconhecer que foi cometido um crime de ódio com evidente motivação política, que tem de ser investigada na alçada da Justiça Federal, como requisitamos à PGR. As provas que a própria polícia recolheu mostram que o assassino foi até a festa de Marcelo de caso pensado para agredir e ofender exclusivamente por motivação política. E, mesmo assim, a delegada do caso quer concluir que a motivação foi pessoal, exatamente a versão que Bolsonaro e seu vice, Mourão, querem impor, contra a verdade dos fatos”, afirmou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

Leia na íntegra o relatório final da Polícia Civil do Paraná:

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