País lança missões adaptando tecnologias e usando foguetes menos potentes. O voo custou US$ 74,6 milhões, menos que um 737 MAX
A Agência Espacial Indiana (ISRO) começou nesta quinta-feira (24) a inspecionar a superfície da Lua com seu robô de exploração Pragyan. A operação de desembarque começou um dia após após a nave não tripulada Chandrayaan-3 se tornar a primeira a pousar perto do polo sul lunar, no que é chamado de Lado Escuro do satélite, mas apenas não pode ser visto da Terra. Além do feito em si, a lição da Índia é criar um modelo de missão espacial de baixo custo, baseado no emprego de tecnologias já testadas por outros países.
A Índia utiliza foguetes menos potentes do que os usados pelos Estados Unidos e a antiga União Soviética na época da Corrida Espacial, por isso a sonda precisou orbitar a Terra várias vezes para ganhar velocidade antes de seguir para a Lua.
O país tem um programa aeroespacial low-cost que ganhou impulso tecnológico desde o envio da primeira nave para orbitar a Lua, em 2008. O orçamento para esta missão é de US$ 74,6 milhões (R$ 365 milhões na cotação atual). Só para comparar, um jato de passageiros 737 MAX em sua versão mais básica sai da Boeing por US$ 99,7 milhões.
Os custos reduzidos só seriam obtidos copiando e adaptando por engenharia reversa a tecnologia espacial existente mediante a abundância de engenheiros indianos altamente qualificados que cobram menos que os profissionais estrangeiros.
Dia histórico
O pouso gerou grande entusiasmo em todo o país. Batizado de Pragyan, que significa “sabedoria” em sânscrito, o robô de seis rodas deixou o módulo de pouso um dia após o pouso, depois que a poeira levantada pelos foguetes de frenagem assentou. Equipado com painéis solares para fornecer energia, o Pragyan se aventurará pela região pouco estudada do satélite, transmitindo imagens e dados científicos ao longo das próximas duas semanas.
A ISRO comunicou através da plataforma X (anteriormente conhecida como Twitter) que “as operações de mobilidade do módulo móvel foram iniciadas” e que os sensores serão acionados domingo. O pouso Chandrayaan-3 na Lua, que traduzido do sânscrito significa “nave lunar”, ocorreu às 12h34 no Horário de Greenwich (9h34 no horário de Brasília) de quarta-feira (23). Pouco depois, o primeiro-ministro Narendra Modi descreveu o sucesso como um “dia histórico”.
A missão Chandrayaan-3 chamou a atenção do público desde o seu lançamento diante de milhares de telespectadores. Políticos celebraram rituais hindus para desejar o sucesso da missão e estudantes acompanharam os momentos finais do pouso na Lua em suas salas de aula por meio de transmissões ao vivo.
Fracasso russo
Até este momento, apenas União Soviética/Rússia, Estados Unidos e China haviam conseguido enviar missões à superfície lunar. Só os americanos enviaram seres humanos. Foi a terceira tentativa indiana de pouso. As duas anteriores fracassaram. Curiosamente, no mesmo dia os russos fizeram uma tentativa de pouso, porém a sonda Luna-25 saiu do controle e se chocou contra a superfície sem que a agência Roscosmos pudesse intervir.