Era para ser um sábado (30) de restaurante fechado, calorão e decisão na TV ao fim da tarde. Mas virou um protesto depois que Rodrigo Alves (imagem), proprietário do Ponto Chic, tradicional rede paulistana, viu o prefeito Bruno Covas, em licença médica, assistindo a decisão da Taça Libertadores da América, entre Santos e Palmeiras, em pleno estádio do Maracanã. Contrariado com a determinação de fechamento do comércio aos finais de semana, o comerciante diz ter se sentido indignado ao ver o gestor municipal que afirmou querer evitar aglomerações lá do lado da torcida do Santos. Logo depois, Alves acionou seu pessoal e abriu dois de seus três restaurantes para delivery. No domingo, ele funcionou do meio-dia às 20 horas.
Com 110 funcionários e apertado pelas dívidas decorrentes da falta de movimento por causa da pandemia, Alves se prepare para o baque sequencial do pagamento dos impostos postergados, das parcelas do Pronampe, do aumento do ICMS, da inflação dos produtos alimentícios alimentos e do fim do auxílio emergencial para as famílias. “Mantive meu negócio e meus funcionários contraindo dívidas, mas a pandemia segue e ninguém fala em dar mais prazo para quem trabalha”, disse para MONEY REPORT.
Aplaudido em redes sociais (conforme indicam as imagens extraídas da rede social do restaurante) e pelos colegas de setor, Alves diz que desde o início seguiu todas as regras e agora, perto da hora da vacinação, se sente tratado com descaso pelo governo, que adotou uma alternativa fácil, mas que não deve evitar a disseminação da pandemia. “Fecham as empresas que conseguiram criar ambientes seguros, com máscaras, distanciamento, álcool em gel e tudo. Isso só vai gerar aglomerações improvisadas, com festas clandestinas, reuniões nas casas e comércio na informalidade. Basta ver toda essa gente indo para a praia”, diz.
Alves diz que pretende continuar seguindo as normas e que não vai abrir seus restaurantes novamente para evitar ser multado. Se tivesse sido procurado por fiscais, contou que argumentaria mostrando a foto do prefeito no Maracanã. “O governo está equivocado. Nós fazemos parte da solução, não do problema”, emenda.
De modo pouco convincente, Bruno Covas se disse vítima “hipocrisia generalizada” da sociedade e que seguiu todos os protocolos de segurança para ficar ao lado do filho. O que ele fez não foi nada muito diferente da atitude do governador João Doria, que em dezembro restringiu o funcionamento do comércio e foi para Miami. Covas reassumiu a prefeitura nesta segunda-feira (1º).