Na semana passada, entre 29 de agosto e 4 de setembro (35ª Semana Epidemiológica), o estado registrou a sua menor taxa de internação por covid-19 do ano, com média de 639 novas internações por dia. Mas essa tendência de queda parou de ocorrer nesta semana, interrompeno um eclínio que vinha desde meados de junho
De acordo com os dados apresentados, ainda não se pode falar em um novo aumento de internações. Mas a tendência de queda foi interrompida por estabilização nos números, o que preocupa o Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, apesar do número de casos e de mortes continuarem em queda. O aumento das internações pode significar uma piora na pandemia no estado.
Em suas redes sociais, o coordenador executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, João Gabbardo, escreveu na quinta-feura (9) que essa reversão na tendência de queda das internações pode indicar “os primeiros sinais da disseminação da variante delta em São Paulo, o que deverá ser agravado por aglomerações recentes e relaxamento no uso de máscaras”.
A variante delta foi identificada inicialmente na Índia e é mais transmissível, o que provocando aumento de casos em todo o mundo, mesmo em locais com alta taxa de vacinação. Na capital paulista, a variante já se mostra predominante em 69,7% das amostras analisadas.
A plataforma InfoTracker, feita por pesquisadores das maiores universidades de São Paulo, e que usa dados oficiais, informa que o número internados vinha em queda constante em São Paulo. Mas nesta semana, essa curva começou a mudar. Até 6 de setembro, haviam 5.601 pessoas internadas em todo o estado, sendo que 2.788 delas estavam em estado grave, em leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs). Ontem, eram 5.675.
Para Gabbardo, o estado vai precisar acelerar a aplicação da segunda dose de vacinas e ampliar o número de pessoas com o esquema vacinal completo para tentar evitar que as internações aumentem, voltando a pressionar o sistema de saúe. Estudos em todo o mundo demonstram que duas doses de vacina contra a covid-19 são eficazes contra uma manifestação agressiva da variante Delta.
No entanto, tem faltado vacina para a aplicação da segunda dose nas pessoas que tomaram o imunizante da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz. Desde segunda-feira (6), há falta de doses desse imunizante em todo o estado. O governo de São Paulo cobrou o Ministério da Saúde a falta de doses do imunizante, mas a pasta respondeu que o estado não cumpriu o estabelecido no Programa Nacional de Imunizações (PNI), deixando de reservar para a segunda dose para adiantar o cronograma de primeira.
O governo do estado estuda adiantar a segunda dose da vacina Pfizer/BioNTech para quem tomou a primeira dose desse imunizante, diminuindo o intervalo de três meses para dois meses. Mas também não há doses suficientes dessa vacina para que o intervalo seja diminuído. “Infelizmente não temos Pfizer e AstraZeneca para isso, mesmo assim continuaremos sem recuar na meta de vacinar o maior número de pessoas, com as vacinas disponíveis”, escreveu Gabbardo, no Twitter.
Também começou esta semana a aplicação de uma terceira dose, iniciando por pessoas com idade acima dos 90 anos, em razão da resposta imune de idosos e imunossuprimidos estar sendo baixa, e diminui após seis meses da segunda aplicação. Esse grupo, no geral, tomou a vacina CoronaVac/Butantan/Sinovac. O governo de São Paulo também estuda a aplicação de uma quarta dose.
O temor da disseminção a delta chega depois do fim às restrições de funcionamento do comércio e serviços, acabando com o limite de horário e de capacidade de atendimento. Adotada em 17 de agosto, a medida recebeu muitas críticas de especialistas, que avaliaram que o número de pessoas que havia completado o seu esquema vacinal ainda era pequeno e a variante delta consegue escapar da proteção conferida apenas pela primeira dose.
O governo já aplicou mais de 55 milhões de doses de vacina contra a covid-19, sendo que 78,8% da população tomou a primeira dose e apenas 43,9% completou o esquema vacinal. A taxa de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva em São Paulo está em 33%.
(Agência Brasil)