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Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA, morre aos 100 anos

Democrata governou de 1977 a 1981. Recessão e invasão da embaixada norte-americana no Irã marcaram seu mandato

Morreu neste domingo (29), aos 100 anos, Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos. A informação foi confirmada pelo filho ao jornal americano The Washington Post. Carter governou o país entre 1977 e 1981, em um período turbulento de crise econômica e energética e conflitos diplomáticos, mas consolidou o nome na história pelo compromisso com a paz, os direitos humanos e as ações humanitárias ao redor do mundo.

James Earl Jimmy Carter Jr. nasceu em 1º de outubro de 1924 em Plains, uma pequena cidade rural na Geórgia. Filho de um fazendeiro e uma enfermeira, ele teve uma infância simples, mas destacou-se nos estudos.

Formou-se em ciência pela Academia Naval dos EUA em 1946, onde começou a carreira militar como oficial de submarinos. Carter trabalhou no desenvolvimento de submarinos nucleares, mas deixou a Marinha em 1953, após a morte do pai, para assumir os negócios da família.

De volta à Geórgia, Carter transformou as fazendas familiares e se envolveu na política local. Foi eleito senador estadual em 1962 e reeleito em 1964. Em 1970, tornou-se governador da Geórgia, apresentando uma agenda progressista ao abordar o racismo sistêmico, ainda muito presente no estado.

Carter promoveu reformas administrativas e defendeu a igualdade racial, embora inicialmente tenha buscado votos de setores conservadores.

Em 1976, lançou-se como candidato à presidência dos Estados Unidos em meio a uma crise de confiança nacional, causada pelo escândalo do Watergate.

Carter conquistou os eleitores com uma plataforma que pregava honestidade e transparência. Ele derrotou o republicano Gerald Ford, assumindo a Casa Branca em janeiro de 1977 como o 39º presidente do país.

O mandato dele, porém, foi marcado por desafios. No âmbito doméstico, enfrentou uma grave crise econômica, com inflação e desemprego elevados, além de uma crise energética desencadeada pelo embargo do petróleo em 1973.

A gestão priorizou a conservação de energia e o desenvolvimento de fontes renováveis, mas a insatisfação popular com a situação econômica enfraqueceu a liderança do então presidente.

Na política externa, Carter obteve conquistas históricas, como a mediação do Acordo de Camp David, em 1978, que selou a paz entre Israel e Egito. Ele também transferiu o controle do Canal do Panamá para o governo panamenho, numa medida controversa à época.

No entanto, enfrentou críticas por sua abordagem em outras áreas, como o boicote dos EUA às Olimpíadas de Moscou, em 1980, em resposta à invasão soviética no Afeganistão. O episódio mais marcante da presidência dele foi o sequestro de 52 americanos na embaixada dos EUA em Teerã, em 1979, durante a Revolução Islâmica no Irã.

Após deixar a presidência, Carter dedicou-se a causas humanitárias e diplomáticas por meio do Centro Carter, fundado em 1982. A organização promoveu eleições livres em mais de 100 países, combateu doenças negligenciadas, como a oncocercose e a dracunculíase, e mediou conflitos internacionais.

A atuação global rendeu a ele o Prêmio Nobel da Paz em 2002, sendo reconhecido pela “incansável dedicação à promoção da democracia e dos direitos humanos”.

Jimmy Carter foi casado com Rosalynn Smith, parceira de vida e ativismo, por 78 anos. Juntos, tiveram quatro filhos: Jack, James III, Donnel e Amy, além de vários netos e bisnetos. Um dos netos, Jason Carter, seguiu os passos do avô na política e foi eleito senador estadual pela Geórgia em 2010.

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