Filipe Martins foi flagrado por câmeras durante sessão do então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo
O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), anulou a sentença que havia absolvido o ex-assessor especial para Assuntos Internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Filipe Martins, acusado de crime de racismo. O magistrado considerou que existem indícios de que Martins tenha reproduzido com a mão um gesto sutil associado à supremacia branca durante sessão do Senado em 2021.
Bello entendeu que o juiz Marcus Vinícius Bastos, da 12ª Vara Federal do DF, que havia absolvido Martins, não levou em consideração os indícios do caso. O desembargador também considerou que as investigações devem ser retomadas, “sob pena de o Judiciário ser leniente em sua atuação com a prática de condutas racistas”.
O gesto feito por Martins, que remete a sinais obscenos e símbolos utilizados por supremacistas brancos, foi flagrado por câmeras durante uma sessão na qual o então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, falava sobre ações referentes à aquisição de vacinas contra a covid-19. Ao passar a mão sobre o peito discretamente, mas de modo repetitivo, ele estaria praticando um “apito de cachorro”. A política do dog whistle pode ser definida como uma mensagem em código que parece significar uma coisa para a população em geral, mas tem um significado mais específico e diferente para um subgrupo. No caso, uma forma de apresentação, como se ele se apresentasse.
No caso, Martins ele fez um gesto com a mão que se assemelha a um sinal de “OK”, mas que nos Estados Unidos, também é usado por supremacistas brancos que exaltam o “white power” (poder branco). Os 3 dedos esticados formariam “W”, de white, e o polegar junto com o indicador unidos formariam a volta do “P”, de power.
Supremacismo branco é uma forma de racismo que foca na crença de que pessoas brancas são superiores às demais. São exemplos de supremacia branca o nazismo, na Alemanha, e a Ku Klux Klan (KKK), nos Estados Unidos.
Martins também é investigado por ter supostamente levado uma minuta de decreto golpista ao ex-presidente Bolsonaro após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.
O que MONEY REPORT publicou
