Nesta primeira semana de governo, as autoridades — presidente inclusive — andaram batendo cabeça com informações contraditórias ou se envolvendo em polêmicas desnecessárias. Isso ainda vai acontecer por um tempo. É um processo natural, no qual uma máquina complexa está ainda se ajustando e se adaptando ao poder.
Existe a desconfiança, contudo, de que essa exposição pública de contradições se estenderá por uma temporada maior que a desejável. Três fatores explicam essa tese. Em primeiro lugar, há poucos políticos acostumados com o poder e a máquina pública no primeiro escalão. Esse amadorismo, combinado à euforia pós-posse, faz com que todos falem além do necessário.
Segundo ponto: trata-se de um governo que foi eleito sem a figura de um especialista em comunicação em seu time. Aquela pessoa que antevê problemas e os mata em seu nascedouro. Não havia um profissional destes na campanha e não há dentro do Palácio do Planalto. E o presidente parece não sentir falta de alguém com essas características em sua equipe.
Por fim, a briga que se iniciou com a imprensa na campanha continua de vento em popa. O governo está queimando muito rapidamente o capital político necessário para aprovar suas reformas, uma vez que o mau humor da imprensa só faz levantar os problemas da administração e não suas virtudes. Ou seja, é um governo sem lua de mel com os jornalistas.
É possível reverter? Sim. É só colocar um Paulo Guedes da comunicação na equipe e dar-lhe plenos poderes. A pergunta que fica, porém, é: o presidente Jair Bolsonaro quer fazer isso? Aceitaria ouvir o que tem a dizer um profissional de comunicação e seguir suas recomendações? Neste momento, talvez nem Bolsonaro conseguirá responder a essa questão. Mas o tempo passa rápido. E a opinião pública muda com a mesma rapidez.