Presidente brasileiro abriu a Assembleia Geral pedindo mais diálogo global
Nesta terça-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumprindo a tradição brasileira, fez o discurso de abertura da 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O líder brasileiro destacou a escalada dos conflitos globais, a crise climática e o flagelo da fome como os principais desafios atuais.
Lula criticou o aumento das tensões geopolíticas e o número recorde de conflitos armados em 2024, comparando a situação com os tempos da Guerra Fria. “Estamos diante do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial”, declarou. Ele também destacou os gastos exorbitantes com armamentos, afirmando que os US$ 2,4 trilhões investidos em armas poderiam ser usados para enfrentar a fome e as mudanças climáticas.
O presidente brasileiro expressou preocupação com a situação na Ucrânia, condenando firmemente a invasão russa. Ele também mencionou o agravamento dos conflitos no Oriente Médio, com foco nas crises em Gaza e Cisjordânia. “Direito de defesa se transformou em direito de vingança, adiando o cessar-fogo”, disse, destacando o impacto humanitário com mais de 40 mil mortos, a maioria mulheres e crianças.
Sobre a crise climática, Lula foi categórico ao afirmar que o planeta já não pode esperar por ações futuras: “O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos”. Ele mencionou o ano de 2024 como o mais quente da história moderna, com secas e enchentes assolando várias regiões do mundo, incluindo o Brasil. “O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania”, enfatizou.
No combate à fome, o presidente ressaltou que 9% da população mundial ainda está subnutrida, especialmente na África e na Ásia, e que a fome é, em grande parte, resultado de escolhas políticas equivocadas. Ele reiterou o compromisso do Brasil em liderar a Aliança Global contra a fome, um dos principais resultados da presidência brasileira no G20.
Lula concluiu seu discurso reafirmando o prestígio do Brasil no cenário internacional, lembrando que o país sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), em Belém (PA).
A expectativa é de que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, faça o discurso logo após Lula, seguindo o protocolo tradicional da ONU.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também falou sobre a urgência de um cessar-fogo na região de Gaza e alertou para o colapso climático global, impulsionado pelo uso excessivo de combustíveis fósseis.
Confira o discurso inteiro:
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