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Lula dá troco na Lava-Jato, admite corrupção e fala em pacificar a política

Em campanha conciliatória, petista esquece propostas e promete volta da estabilidade

“O senhor não deve nada à Justiça”, iniciou Willian Bonner para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o terceiro candidato recebido para a sabatina do Jornal Nacional. Líder nas pesquisas de intenção de voto, suas atitudes e propostas foram levemente questionadas ao longo de 40 minutos na noite desta quinta-feira (25).

A corrupção das gestões petistas e os desdobramentos da Lava-Jato dominaram a conversa. Lula admitiu os erros, mas afirmou que nem ele nem sua sucessora, Dilma Rousseff, tentaram barrar a Polícia Federal – remetendo às seguidas trocas no comando da corporação. “A corrupção só aparece quando se permite a investigação”, disse, citando que sofreu por cinco anos antes de voltar à principal emissora aberta do país – em um sutil gesto de pacificação com a grande imprensa e se mostrando conciliador aos eleitores. E lembrou dos abusos do juiz Sergio Moro: “O equívoco da Lava-Jato foi entrar na política. O objetivo era me condenar”. Sem citar Bolsonaro, Lula afirmou que se quisesse esconder algo, teria “escolhido um engavetador [para a Procuradoria-Geral da República]. Fui na lista tríplice”, disse, criticando a escolha de Augusto Aras.

Na economia, disse que se for eleito, vai devolver o mínimo necessário para o desenvolvimento, com credibilidade, previsibilidade e estabilidade. Sobre a “bomba fiscal” que o próximo presidente deve herdar, por causa da crise econômica e dos gastos excessivos, se valeu do passado. “Em 2002, assumi um Brasil quebrado”.

Sobre a relação com o Centrão, que participa de todos os governos desde José Sarney (1985-1990), o candidato afirmou que Bolsonaro não governa, nem coordena o Orçamento, deixando tudo para o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que representaria mais uma cooperativa de deputados que se beneficia do orçamento secreto que um bloco partidário. Em um sinal ao empresariado, desvinculou o desmatamento do Pantanal e da Amazônia do grande agronegócio.

Ao final, depois de medir a parte boa dos governos petistas pela régua dos erros de Bolsonaro sem ser contestado, foi de populismo mesmo: “Queremos cuidar do povo”.

O que deixou de ser perguntado

  • Reformas;
  • Privatizações;
  • Impostos;
  • Qual o seu programa do governo;
  • Como arrumar a economia;
  • Como lidar com o Centrão;
  • Como reduzir o déficit público;
  • Como ficaria a relação com governos autoritários de esquerda.

Tebet na sexta

Após Lula, a entrevistada será Simone Tebet (MDB), na sexta (26). Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT), participou na segunda-feira (22) e na terça-feira (23), respectivamente. As datas e a ordem das entrevistas foram definidas em sorteio, em 1º de agosto, com representantes dos partidos.

Domingo tem debate

O primeiro debate televisionado entre os presidenciáveis está marcado para domingo (28), nos estúdios da TV Bandeirantes em São Paulo. Foram convidados Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe D’Avila (Novo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). O encontro foi organizado por Band, Folha de S. Paulo, TV Cultura e UOL. A transmissão será ao vivo pela Band e Cultura em TV aberta e pelo UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

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