Ex-presidente criticou Bolsonaro (PL), destacou feitos de seu governo e pregou que o diálogo evitaria a invasão da Ucrânia
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é capa da revista norte-americana Time, que destaca sua trajetória e sua tentativa de voltar à presidência em 2022. O petista criticou o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL) e os presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia). Pré-candidato à reeleição, ele estampa a publicação que traz como manchete “O segundo ato de Lula”. A entrevista de pergunta e respostas foi assinada por Ciara Nugent, da sucursal londrina da revista. Ela conversou com Lula na sede do Partido dos Trabalhadores (PT), em São Paulo, ainda em março.
Frases de Lula
- “Há uma expectativa de que eu volte a presidir o país porque as pessoas têm boas lembranças do tempo em que eu fui presidente. As pessoas trabalhavam, as pessoas tinham aumento de salário, os reajustes salariais eram acima da inflação”;
- “Ao invés de perguntar o que é que eu vou fazer, olhe o que eu fiz”;
- “Quem tiver dúvida sobre mim, olhe o que aconteceu no país quando fui presidente. O crescimento do mercado. O Brasil tinha dois IPOs. No meu governo fizemos 250 IPOs. O Brasil devia R$ 30 bilhões e passou a ser credor do FMI, porque emprestamos R$ 15 bilhões. O Brasil não tinha um dólar de reserva internacional. O Brasil tem hoje U$ 370 bilhões de reserva internacional”;
- “Ele (Volodymyr Zelensky) quis a guerra. Se ele não quisesse a guerra, teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao (Vladimir) Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver. É preciso estimular um acordo, mas há um estímulo ao confronto”;
- “Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação”;
- “Se fosse presidente hoje, teria ligado para o [Joe] Biden, teria ligado para o Putin, para a Alemanha, para o [Emmanuel] Macron, porque a guerra não é saída. Eu acho que o problema é que, se a gente não tentar, a gente não resolve. É preciso tentar”;
- “Eu fiquei muito preocupado quando os Estados Unidos e quando a União Europeia adotaram o [Juan] Guaidó [então líder da assembleia nacional da Venezuela] como presidente do país [em 2019]. Você não brinca com democracia. O Guaidó para ser presidente da Venezuela teria que ser eleito. A burocracia não substitui a política”;
- “Da mesma forma que os americanos convenceram os russos a não colocar mísseis em Cuba em 1961, o Biden poderia falar: ‘Vamos conversar um pouco mais. Nós não queremos a Ucrânia na OTAN, ponto. Não é concessão“;
- “E é o fato de o Brasil ser um país de paz que vai lhe fazer restabelecer a relação que nós criamos de 2003 a 2010. O Brasil vai virar protagonista internacional, porque a gente vai provar que é possível ter um mundo melhor”.
A Time foi amplamente favorável ao ex-presidente, se contrapondo a Bolsonaro. A reportagem afirma que o atual presidente atenta contra a democracia e fez uma gestão caótica da pandemia
- Lula voltou a ser elegível com a anulação de suas condenações pelo Supremo Tribunal Federal (STF);
- Em abril, a Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) foi parcial no caso.
- Lula lidera nas pesquisas eleitorais;
- Sua missão caso eleito seria reavivar uma economia debilitada, reforçar as instiuições democr[aticas ameaçadas por Bolsonaro e recuperar uma nação marcada pela segunda maior taxa mundial de mortalidade na pandemia.