Petista afirmou o Brasil está pior e que o governo não se preocupa com os pobres
Se Bolsonaro foi para o local onde “renasceu” após o atentado de 2018, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) procurou seu berço, com um discurso inicial de campanha na porta da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), no ABC Paulista, na tarde desta terça-feira (16). Em vez de ataques e indignação, se dirigiu aos estudantes e aos trabalhadores para falar sobre as contínuas crises que minguam a economia e como pretende “mudar as coisas”, para só depois adotar um tom mais agressivo. “O Brasil está pior”, disse, em cima de um caminhão de som ao lado de Fernando Haddad, ex-prefeito paulistano e candidato do PT ao governo, Márcio França, que tenta o Senado (PSB), e Gleisi Hoffmann, presidente do partido. Seu vice, o ex-governador tucano Geraldo Alckmin (PSB), não estava presente. Ele jamais manteve boas relações com os sindicatos quando no executivo estadual. Sua esposa, Janja, não estava presente.
A ausência da companheira, simpática às religiões de matriza afro, seria uma maneira de acenar aos evangélicos, eleitores preferenciais de Bolsonaro. “Ele é um fariseu e está tentando manipular a boa-fé de homens e mulheres evangélicos que vão à Igreja tratar da sua fé, da sua espiritualidade. Eles ficam tentando contar mentira o tempo inteiro. Mentiras sobre o Lula, sobre a mulher do Lula, sobre vocês, sobre índios e quilombolas”, disse. “Não haverá mentira e nem fake news que manterá você governando esse país, Bolsonaro”, seguiu Lula. “Se tem alguém que é possuído pelo demônio é esse Bolsonaro”, disse, em referência ao discurso de Michelle Bolsonaro, que afirmou que as religiões de matriz afro são coisa do demônio.
Lula lembrou que saiu da Presidência, em 2011, avaliado por 87% como “bom” e “ótimo”, para a seguir focar na contradição dos anos seguintes, que faz o Brasil ser o terceiro maior produtor de alimentos, maior exportador de carne do mundo, e sofrer com a miséria e o encolhimento da indústria. “[Um país assim] não pode ter gente passando fome”, criticou, afirmando que o governo Bolsonaro é “insensível” e “não se preocupa” com os brasileiros mais pobres.
O discurso foi encerrado por um passeio junto à multidão antes do embarque para Brasília, onde o candidato petista pretende participar da posse do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. Antes, disse que sua primeira medida depois de eleito será mudar a tabela do Imposto de Renda – sem dar maiores detalhes.