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Lula perde o timing como nunca antes

Presidente se enrola ao dar pitacos atropelados sobre tudo enquanto esquece o principal — os brasileiros

Em uma sequência de escorregadas, o presidente Lula atropela a consultoria de assessores, insiste em questões antipáticas, cutuca aliados sem necessidade, fala demais até quando diz que não é com ele e se mostra mais preocupado com Brasília que com o Brasil.

De domingo para segunda-feira (11), ele criticou a participação do Brasil no Tribunal Penal Internacional (TPI), criado pelo Estatuto de Roma. Tudo porque o autocrático líder russo Vladimir Putin poderá ser preso caso apareça na próxima reunião do G20, que deve ocorrer no Rio, em novembro de 2024. Pela invasão da Ucrânia, Putin tem um mandado de prisão emitido pelo TPI por crimes de guerra.

Atabalhoado como nunca foi em sua trajetória, o presidente disse que Putin não seria detido se viesse ao Brasil, que os termos do acordo teriam que ser analisados e que os Estados Unidos sequer fazem parte do acordo. Logo depois recuou, disse que o caso é de Justiça mesmo. Alguém deve ter avisado que o TPI está previsto na Constituição Federal. Está lá no Artigo 5, aquele sobre Direitos e Garantias Constitucionais: “O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão”. Se Rússia e EUA não fazem parte da convenção, problema deles estarem ao lado da teocracia saudita. O Brasil sempre participou de organizações internacionais. É uma forma de garantir lugar em debates internacionais e se proteger de eventuais autoritarismos. Em 2019, o mesmo TPI que denunciou Bolsonaro por incitação ao genocídio de povos indígenas. Não há lugar para casuísmo de momento. Defender Putin é dar um oi para Bolsonaro e, pior, mostrar simpatias indiretas a figuras tenebrosas, como o croata-bósnio Radovan Karadzic, o congolês Thomas Lubanga Dyilo e o ruandês Jean Kanbanda — os três condenados por crimes de guerra, de genocídio e contra a humanidade.

E não só. Durante a reunião do G20, na Índia, Lula voltou a comentar que defende prospecção de petróleo na Foz do Rio Amazonas. Disse que não se trataria de exploração comercial, mas pesquisa. Não há problema nenhum, mas o tema é sensível e segue repudiado dentro de seu governo pelos graves riscos ambientais envolvidos. Se tivesse ficado quieto, nenhum melindre seria criado.

Sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, Lula afirmou que seu antecessor estaria “envolvido até os dentes” no que chamou de “perspectiva de golpe de Estado”. Depois mudou de rumo. “Não sei o que está lá. Só sabe o delegado que ouviu e o coronel que prestou depoimento. O resto é especulação”. Apesar de ter ganas contra a minuta do golpe e o 8 de janeiro, um presidente deveria ser mais olímpico, já que a Justiça segue seu caminho.

Antes de embarcar para a cúpula do G20, o presidente também se enrolou. A dar demasiada atenção aos acertos ministeriais com o Centrão, ignorou o desastre climático no Rio Grande do Sul. Com atraso, quem salvou as aparências foi o chefe em exercício do Executivo, Geraldo Alckmin, que sobrevoou a região, viu os estragos de perto, destinou recursos. Quem diria, na hora do aperto o vice com jeitão anódino foi mais Lula que Lula, que sempre se mostrou solidário e empático.

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