O Democratas e o PSL deram os primeiros passos para uma fusão, com a possibilidade de absorção de nanolegendas pelo caminho. Essa operação de fusão e aquisição (M&A no jargão corporativo) foi ensaiada na noite de terça-feira (21) para evitar os efeitos limitadores da reforma partidária em tramitação no Congresso. O supernovopartido surgido desse movimento poderia facilmente contar com 88 parlamentares (81 deputados e 7 senadores) ainda nessa legislatura. A novidade estaria menos no resultado e mais na concorrência criada. Como uma revisitação do Centrão de sempre, de Ciro Nogueira (PP-AL), Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP), o novo partido seria uma espécie de CentrãodoB, pois assim como o original, nasceria poderoso, radicalmente moderado, afeito ao poder e conduzido por gente habilidosa em prestar serviços legislativos ao governante da vez em troca de cargos, favores e verbas. Ou seja, algo dentro da lógica pragmática e própria das relação entre Legislativo e Executivo no Brasil – a tal jaboticaba política, algo que só tem por aqui.
A manobra dos presidentes Luciano Bivar (PSL-PE) (abaixo) e ACM Neto (DEM-BA) (à direita) deve ser vista por dois ângulos. Primeiro, pode atrair legendas de apoio de diferentes calibres, como PL, PROS, Solidariedade, PTB, em busca da segurança para o final de 2022, quando começarem as negociações com próximo presidente eleito ou reeleito. Juntos, esses partidos aglutinam mais de 200 parlamentares só na Câmara. É gente que está onde há governo. Isso daria ao grupo ocupante do Palácio da Alvorada a chance de escolher qual Centrão ofereceria melhores condições. Atualmente, o Progressistas tem praticamente o monopólio do bloco e forma a base do governo Bolsonaro, abocanhando boa parte do orçamento paralelo.
O segundo ponto é a busca pela sobrevivência, algo que os parlamentares do Centrão são mestres. Com a derrubada da volta das coligações nesta quarta-feira (22) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, os nanicos deverão pegar a onda de M&As para não serem obliterados em 2022, já que perderiam o benefício dos puxadores de voto – os Tiriricas da vida. ACM Neto e Bivar se anteciparam em busca da maior fatia possível do fundo partidário.
Antes, o PSL não concordou com a concentração de poder em torno de Ciro Nogueira quando houve a tentativa de negociação de fusão com o PP. Além de escantear Bivar, haveria a perda do controle do fundo partidário – algo por demais caro entre os caciques de legendas de qualquer tamanho.