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Marta de volta ao PT: uma aula de esquecimento e traição

Muitos dizem que política é a arte da traição (e geralmente os traídos é que dizem isso). Outros afirmam que, para ser político, é preciso saber esquecer (uma frase dita normalmente por quem tem suas escorregadelas perdidas na memória). Nesta semana, a ex-prefeita Marta Suplicy mostrou que é boa nesses dois quesitos.

Relembrando: Marta havia sido uma das principais patrocinadoras da candidatura de Ricardo Nunes à vice prefeitura, na chapa de Bruno Covas (como se sabe, Nunes se tornou prefeito com a morte de Covas), e ocupava a secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura até ontem. E a mesma Marta, oito anos atrás, saiu do PT atirando – e levando saraivadas também (é um clássico da política o grampo em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se diverte com os xingamentos recebidos pela ex-prefeita em manifestação contra os petistas).

Ao aceitar ser vice na chapa de Guilherme Boulos, Marta conseguiu, em uma tacada só, trair o prefeito Ricardo Nunes, embarcando no bonde de seu principal rival e esquecer todos as críticas feitas a ela pelo PT e por Lula em particular (sem contar tudo o que ela falou dos petistas durante o auge da Operação Lava-Jato, incluindo um voto pelo impeachment de Dilma Rousseff).

Marta já tinha perdido boa parte de seu eleitorado inicial ao largar o PT. Foi conquistando outros eleitores, afastando-se da esquerda – e agora deixa tudo para trás, novamente. Mas o que ela pode agregar à candidatura Boulos?

Sua passagem pela prefeitura paulistana se encerrou há quase vinte anos. Nesse ínterim, trocou o PT pelo PMDB e agora volta ao ninho petista. Com esse troca-troca, será que lhe sobraram muitos votos? Provavelmente não.

Trata-se de uma aposta arrojada, como a que Geraldo Alckmin fez ainda no início de 2022. Ele, como Marta, esqueceu o que falou e ouviu – e acabou por trair um eleitorado mais conservador, especialmente o do interior paulista, que tem verdadeiro horror a Lula e ao programa do PT.

A visão de Lula, que pessoalmente articulou essa aliança, foi a de que Marta poderia trazer um ar menos radical ao perfil de Boulos – incluindo uma experiência de mandato de quatro anos no Edifício Matarazzo.

Ela, com certeza, conhece os pontos fracos da gestão Nunes e poderá municiar a campanha de Boulos com combustível de razoável octanagem. Se isso acontecer, ela deverá se transformar em um dos símbolos máximos da traição em política.

Com a escolha de Marta, Boulos finaliza uma chapa mais à esquerda, sem muito espaço para o Centro. Talvez aqui resida a grande oportunidade de Nunes: escolher um político para vice que possa transitar entre o Centro e a Esquerda e estimular o oponente a adotar um discurso mais radical.

Essa briga será muito difícil, talvez a eleição municipal mais parelha de todas as capitais brasileiras. Não se pode prever o resultado. Mas já sabemos uma coisa: será uma das campanhas mais agressivas de toda a história política nacional.

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Comentários

Respostas de 2

  1. O boulos entrando eu estou saindo de São Paulo e logo logo do Brasil, infelizmente esse era pra ser o melhor país do mundo, mas acho que até Deus mudou a cidadania.

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