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Moro entra no Podemos com discurso presidenciável

Carregando o bastião do que sobrou da operação Lava-Jato, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (imagem), tirou sua toga de vez e vestiu o manto do político em seu discurso de filiação ao Podemos no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, nesta quarta-feira (10).

Com um discurso presidencial sobre saúde e educação, fora o escopo do ex-juiz, se manteve fiel em defender o legado da Lava-Jato e as dificuldades dos julgamentos e prisões de caciques da política brasileira, e sob gritos, o público dizia “Moro presidente”. Ele despontou como mais um a integrar a terceira via congestionada ao Palácio do Palácio contra o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula – este último motivo de sua suspeição como juiz. Entretanto, ele reiterou que não é político e sua formação não é para este fim, mas se esqueceu que ao aceitar integrar o governo Bolsonaro ao ocupar a pasta da Justiça para fazer “mais pelo Brasil e não conseguir”, segundo ele, causou danos a credibilidade da operação que julgou. Em um aceno ao lavajatismo mais enraizado, destacou os problemas que a corrupção impõe a administração pública, defendeu o fim do foro privilegiado e o corte dos privilégios da classe política “algumas das ideias para o nosso projeto de país”, destacou Moro. Ele disse mais uma vez que sua filiação não é um projeto pessoal, mas para o Brasil. “Eu sempre quis ajudar e nunca tive essa ambição [entrar na política], mas meu nome sempre estará à disposição”.

Se Moro tiver sucesso em sua campanha e vencer em 2022, terá que conversar com os parlamentares e começou mal para um aspirante a político, queimando a largada. Primeiro, criticou a lista de escândalos envolvendo desvio de dinheiro público (mensalão, petrolão, rachadinha e, as emendas de relator) – espinafrar as rachadinhas era esperado, devido ao seu passado como juiz e por ter integrado o governo Bolsonaro, que deixou de forma caótica. Depois, atacou as emendas que estavam em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao maldizê-las, atinge o seio do Centrão, núcleo duro da governabilidade para qualquer mandatário e que seu partido, o Podemos, integra. Ele também elogiou os outros nomes da terceira via, dizendo que uma hora todos terão que se unir contra “os extremos da mentira”, na esperança que seja em torno de seu nome.

Ao terminar o ato, o que era juiz virou história e um novo político com um rosto conhecido surgiu após encarar pilhas de processos, mas fica a questão. Se Moro não tem a simpatia da esquerda, do bolsonarismo e de parte do centrão no Congresso, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR), seu padrinho político, terá muito a ensinar sobre o jogo que Moro apenas julgou nos autos de seus processos.

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