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Musk prefere manter audiência a barrar agressores

Ao apoiar a manutenção de contas com apologias a ataques em escolas e mandar emojis de fezes à jornalistas, dono do Twitter vai na contramão da civilização

De início Elon Musk parecia ser o empresário industrial iluminado a suceder Bill Gates (Microsoft) e Steve Jobs (Apple), concorrendo diretamente com os mais jovens Jeff Bezos (Amazon) e Mark Zuckerberg (Meta). Segundo homem mais rico do mundo no início de 2023, com empresas avaliadas em US$ 180 bilhões, e próximo de consolidar sua imagem de revolucionário que colocaria milhões de eficientes carros elétricos da sua Tesla nas ruas e reabrir a corrida espacial com a SpaceX, ele se deixa levar pelo maior inimigo do pragmatismo nos negócios, os caprichos pessoais.

Na defesa do que acredita ser a mais absoluta livre empresa, cria constrangimentos por seu estilo autocrático e raivoso desde que assumiu o controle do Twitter, em outubro do ano passado, por US$ 44 bilhões. Não que antes não o fizesse. O problema está na frequência e na intensidade. Nesta segunda-feira (10), representantes da plataforma causaram indignação em Brasília. A reunião foi motivada pelo desejo do Ministério da Justiça em evitar o incentivo por efeito copiador de novos ataques em escolas (fenômeno comprovado nos EUA e agora no Brasil). São quatro casos em 15 dias. O mais recente, em Goiás, na manhã desta terça-feira (11).

Causou indignação nas autoridades brasileiras quando uma advogada do Twitter afirmou que um perfil com foto de assassinos de crianças (perpetradores dos massacres em escolas) não violava os termos de uso da rede e que não se tratava de apologia ao crime. A declaração constrangeu representantes de outras redes sociais que participavam da reunião. Há denúncias que a plataforma lucraria indiretamente ao permitir discursos de ódio correndo soltos.

O clima ficou pesado. O ministro da Justiça, Flavio Dino, e a assessora responsável, Estela Aranha, rebateram a posição, afirmando que para eles esta lhes parecia a posição oficial do Twitter. A conversa ocorreu um dia depois do governo pedir a exclusão de 430 contas relacionadas com ataques em escolas.

Censura aos que desagradam

Os perfis mostravam imagens de crianças agredidas, ameaças e músicas enaltecendo ataques. Difícil não crer se tratar de apologia ao crime e incitação à violência em qualquer democracia ocidental. A postura reflete o posicionamento belicoso de Musk, que também criou um selo para identificar sites noticiosos financiados por governos. A britânica BBC se mostrou contra, alegando ser financiada diretamente por impostos e possuir independência editorial – como comprovado ao longo de décadas. O selo do Twitter coloca no mesmo balaio, sem critérios, as independentes BBC, DW (Alemanha) e PBS (EUA) ao lado da Tass (Rússia) e Granma (Cuba), controladas por regimes autoritários.

Essa postura da plataforma não está restrita ao Brasil. Nesta segunda-feira (10), a BBC solicitou que o Twitter comentasse o conteúdo violento contra crianças nas redes e recebeu como resposta um emoji de fezes. O G1 também obteve a mesma resposta, um padrão de atendimento estabelecido a partir de 19 de março pelo bilionário. Essa postura surgiu depois que Musk passou a controlar a plataforma, mas teve que reativar, em dezembro, as contas de jornalistas que o criticaram.

Mas apesar da postura que remete a um comportamento mimado, Musk não rasga dinheiro sempre – apesar de ter deixado de ser o mais rico mundo. Se no Twitter aposta no vale-tudo, com a Tesla se faz cordato com os mais poderosos. Em janeiro de 2022, sua montadora abriu um showroom na cidade chinesa de Urumqi, em Xinjiang, provocando críticas de grupos de direitos e entidades empresariais dos Estados Unidos. Na região vive a minoria étnica uigure, de origem turcomana e fé muçulmana. Especialistas e grupos de direitos humanos estimam que mais de um milhão de uigures e membros de outras minorias muçulmanas estejam detidos em campos de concentração. Assim como agora, Musk não se importou.

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