O ex-presidente Lula, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato, concedeu entrevista nesta sexta-feira (26) ao jornal Folha de S. Paulo e ao site El País. Foi a primeira vez que o petista falou com a imprensa desde que foi preso, em abril do ano passado. O ministro da Justiça e ex-juiz Sérgio Moro e o procurador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol foram os principais alvos das críticas do ex-presidente. Condenado nos casos do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia, Lula disse que quer provar sua inocência. O petista falou ainda do governo Jair Bolsonaro e do desempenho do atual presidente. Confira a seguir alguns trechos:
Busca pela inocência
“Vou trabalhar para provar minha inocência e a farsa que foi montada. Por isso vim para cá com muita tranquilidade, para provar minha inocência. Tenho certeza que durmo todo dia com a consciência tranquila. Tenho certeza que o (Deltan) Dallagnol não dorme, que o (Sérgio) Moro não dorme. Adoraria estar em casa com a minha mulher, com os meus filhos, com meus netos. Mas não faço nenhuma questão, porque quero sair daqui com a cabeça erguida como eu entrei. Inocente.”
Sugestão para deixar o país
“Muita gente achava que eu deveria ter saído do Brasil ou ter ido para uma embaixada. Mas eu tomei como decisão que meu lugar é aqui. Tenho tanta obsessão de desmascarar o Moro, o Dallagnol e sua turma, e todos aqueles que me condenaram, que ficarei preso 100 anos, mas não trocarei minha dignidade pela minha liberdade. Quero provar a farsa montada.”
Julgamento
“Eu penso que haverá um dia em que as pessoas que irão me julgar estarão preocupadas com os laudos dos processos, com as provas contidas no processo e não com as manchetes dos jornais.”
Governo Bolsonaro
“Vamos fazer uma autocrítica geral neste país. O que não pode é este país ser governado por esse bando de maluco. O país não merece isso, e sobretudo o povo não merece isso.”
Jair Bolsonaro
“Ou ele constrói um partido sólido, ou não perdura”
Morte do neto
“Eu às vezes penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido. Eu já vivi 73 anos, poderia morrer e deixar o meu neto viver.”