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Na teoria dos “infiltrados”, o preconceito se escancara

Uma reportagem da última edição do Fantástico que mostrou imagens até então inéditas da invasão nos prédios públicos de Brasília no último dia 8 provocou discussões interessantes nas redes sociais. Uma delas é sobre a tese de que a quebradeira foi iniciada por “infiltrados da esquerda”. Essa ideia, que ganhou corpo na semana seguinte aos vandalismos, foi ressuscitada com as gravações divulgadas pela emissora.

Uma delas mostra um rapaz aparentemente pardo, com o corte curtíssimo de cabelo e aparência humilde, destruindo uma peça de valor inestimável, um relógio que tinha sido trazido ao Brasil na comitiva de Dom João VI, em 1808. Esse arruaceiro, segundo os bolsonaristas, seria um petista infiltrado.

Não há exatamente argumentos para dizer que o rapaz seria um esquerdista plantado no meio dos invasores do Palácio do Planalto – apenas comentários ressaltando que, embora a invasão tenha ocorrido às 15:50, o relógio marca 12:27. Só que a peça, trazida ao Brasil em 1808 por Dom João VI, claramente não funcionava (ou estava com o mecanismo comprometido).

Por que, então, foi divulgada a versão de que o invasor era um esquerdista disfarçado?

Resposta: porque o rapaz parece ser pobre. Será um ranço elitista de quem clama por uma ditadura militar? Talvez não exista uma só resposta para essa pergunta. Mas o fato é que essa percepção parece ser motivada por puro preconceito.

Vamos supor que existam penetras de esquerda na arruaça. Mesmo assim, há centenas de vídeos postados nas redes sociais de extremistas que pediam um golpe militar. Ou seja, os “infiltrados”, se é que eles existem, seriam uma minoria no meio da turba ignara.

De qualquer forma, a tese de esquerdistas disfarçados apenas faria sentido se tivéssemos uma manifestação pacífica desvirtuada por alguns desvairados mais agressivos. Só que as investigações e depoimentos de policiais envolvidos na repressão aos vândalos mostram que os ataques foram premeditados.

Segundo o depoimento de um dos oficiais, alguns manifestantes tinham conhecimento dos locais e da planta dos prédios invadidos. Isso teoricamente mostra que já havia um objetivo traçado: invadir o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

A investigação da Polícia Federal também comprova a existência de uma rede de organizadores e de financiadores que se estende por várias cidades do Brasil. Dificilmente haveria um esquema organizado com o objetivo de enviar quase uma centena de ônibus para a capital federal sem nenhum plano traçado previamente.

Precisamos encontrar logo os responsáveis por este episódio e virar essa página lamentável em nossa história. Não vamos perder tempo sobre quem se infiltrou aonde. Basta chegar aos organizadores e aos invasores (evidências e provas existem aos borbotões) e tomar as providências legais. Simples assim. Depois, podemos verificar se essa teoria amalucada tem sentido ou não. Mas, até agora, todas as evidências apontam para um só caminho — o de que essa tese é um tremendo delírio.

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Comentários

Uma resposta

  1. Delírio e ser dito que os patriotas tinha foco em destruição. Mentiras e mais mentiras e se Lula e seus asseclas não querem a CPMI com td certeza eles tem muito a esconder

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