O relatório acerca das diretrizes de tratamento para pacientes com suspeita ou diagnóstico de covid-19 encomendado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, será submetido à aprovação oficial nesta semana, informou o colunista do UOL, Diogo Schelp, nesta quarta-feira (6). O que causa apreensão é que o estudo não recomenda o uso rotineiro de medicamento algum no estágio inicial e em casos leves da doença. O resultado é uma rejeição ao tratamento precoce abertamente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mesmo sob uma chuva de críticas da comunidade científica nacional e internacional. Sem comprovação, o uso de medicamentos como ivermectina e cloroquina se tornou um dos principais pilares da resposta do governo à pandemia e deve ser um dos pontos centrais das conclusões da CPI conduzida no Senado.
A elaboração do relatório foi uma demanda do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para pacificar, com quase um ano de atraso, a validade dessa iniciativa, que não é adotada como política pública em nenhu outro país. Em depoimento à CPI da Covid no Senado, no início de maio, Queiroga evitou responder se concordava ou não com a promoção que Bolsonaro faz do chamado tratamento precoce com hidroxicloroquina. “Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec [Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde]. O ministro é a última instância na Conitec, então precisarei me manifestar tecnicamente”, disse Queiroga na ocasião.
Queiroga retornou ao Brasil na segunda-feira (4), após cumprir quarentena nos Estados Unidos, onde testou positivo para covid-19. Durante sua ausência, Bolsonaro insinuou que o ministro teria tomado hidroxicloroquina para se recuperar. Questionado por jornalistas nesta terça-feira (5), o ministro não teceu comentários, evitando contrariar o chefe.