A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse nesta sexta-feira (9) que acompanha as ações de enfrentamento aos incêndios no Pantanal. Em audiência pública remota realizada no Senado para discutir o assunto, a ministra afirmou ser fundamental para o país a elaboração de medidas para prevenir as queimadas no bioma e de políticas que ajudem o pantaneiro a continuar produzindo em suas terras. “Esse desastre, neste ano de muita seca, se compara ao que vivemos há mais de 40 anos e parece estar se repetindo. A gente precisa é achar e atacar as causas, para resolver todos os problemas. Tenho medo de criar muitas medidas, num momento difícil como esse, porque o fundamental é termos ações preventivas e de combate ao fogo que ainda funcionem daqui a quatro anos, por exemplo”, comentou.
Só que Tereza Cristina gerou polêmica ao minimizar os efeitos da pecuária e sugerir que, se existisse mais gado na região, o “desastre” poderia ter sido menor. “Falo uma coisa que às vezes as pessoas criticam. Mas, o boi, ele ajuda. Ele é o bombeiro do Pantanal, porque ele é que come aquela massa do capim, seja o nativo ou plantado, se feita a troca. É ele que come essa massa para não deixar que como este ano nós tivemos. Com a seca, a água no subsolo também baixou os níveis e essa massa virou o quê? Um material altamente combustível, incendiário”, explicou. “Aconteceu o desastre porque nós tínhamos muita matéria orgânica seca que, talvez, se tivéssemos um pouco mais de gado no Pantanal, isso teria sido um desastre até menor do que nós tivemos este ano. Mas isso tem de servir como reflexão do que temos de fazer”, acrescentou.
A declaração repercutiu entre entidades que atuam na defesa do meio ambiente. Em nota, o Greenpeace classificou o argumento da ministra de “equivocado” e criticou as políticas de gestão ambiental do governo: “Diante de um cenário já previsto de seca severa, com focos de calor muito superiores à média desde março de 2019, não foram tomadas medidas efetivas de combate e prevenção aos incêndios, necessárias desde o primeiro semestre. Se não tivesse ocorrido um desmonte da gestão ambiental no Brasil, a situação não teria chegado a este nível de gravidade.”