As eleições de 2026 estão próximas. E o PT está preocupado com os índices de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ser mais competitivo, o governo está apostando em medidas populistas, como o empréstimo consignado para trabalhadores do setor privado e a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000,00 mensais.
E a direita, o que está fazendo?
Por enquanto, nada. Os conservadores estão fomentando batalhas em diversos setores, mas ainda não encontraram uma bandeira que possa sensibilizar o centro e romper a inércia causada pela polarização política. Além disso, a direita tem que encarar vários desafios, dos quais cinco podem ser destacados:
+ Quem será o candidato de 2026?
Por enquanto, há três opções: Jair, Messias e Bolsonaro. O ex-presidente se recusa a sair de campo, apesar de ter sido considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ao insistir em sua candidatura, Bolsonaro trava o processo e impede o crescimento de outros nomes.
Em uma entrevista recente, por exemplo, disse que o governador Tarcísio de Freitas era “bom, mas não excepcional”. Uma forma diferente de elogiar um correligionário, que é considerado um dos nomes naturais para substituí-lo.
As chances de Bolsonaro ser condenado no processo que julga a tentativa de golpe de Estado em 2022 são muito altas. Portanto, o prazo limite para que ele se mantenha na ribalta esgota-se no momento de sua eventual condenação.
As alternativas estão na mesa. Cabe aos caciques da direita se unirem rapidamente em torno de um nome e trabalharem para que essa candidatura seja bombada nas redes sociais e na imprensa.
+ Como interferir na Pauta do Congresso?
Os seguidores de Jair Bolsonaro resolveram partir para o tudo ou nada e pressionar fortemente o presidente da Câmara, Hugo Motta, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para que os projetos que instituem anistia aos acusados de tentativa de golpe de Estado sejam pautados. Quem conhece bem os presidentes das duas casas parlamentares, no entanto, já disse que isso não vai acontecer.
Melhor encontrar outro caminho para sensibilizar Motta e Alcolumbre – que, por sinal, fizeram parte da comitiva oficial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou em viagem ao Oriente. Neste jogo, Lula tem armas mais potentes que a oposição. Portanto, o jogo precisa ser executado com inteligência e não com força bruta.
+ Qual é o melhor caminho para lutar pela liberdade de expressão?
Esse é um tema muito importante para a sociedade. A direita, porém, quer brigar com o ministro Alexandre de Moraes, mas ao mesmo tempo transformar o presidente Lula em vilão. Não é exatamente uma boa estratégia. A maioria dos brasileiros não consegue fazer a ligação entre os dois personagens.
Em 2018, boa parte da sociedade condenou o PT por conta da Operação Lava Jato e impôs ao partido uma derrota nas urnas. Para que isso ocorresse, entretanto, havia uma mensagem fácil de ser captada: o PT participou de um esquema enorme de corrupção na Petrobras.
Talvez seja melhor gastar as energias de marketing em outra questão. Essa, em particular, é importante mas não deve se transformar em uma avalanche de votos.
+ Como reagir a Donald Trump?
O presidente americano teve uma torcida bolsonarista no ano passado e sua posse foi saudada com alegria por boa parte da direita brasileira. Mas o grande pacote de tarifas que se espera para a quarta-feira deste semana deve ter um forte impacto para a economia nacional.
Diante disso, a direita vai continuar a justificar os planos de Trump?
Precisamos entender que a Casa Branca sobretaxou aliados históricos nesta cruzada. Ou seja, mesmo que o presidente fosse Jair Bolsonaro, o Brasil teria de engolir um tarifaço das mesmas proporções daquele que será anunciado no próximo dia 2.
+ Quem pode desconstruir o populismo de Lula?
A oposição precisa criar contrapontos à figura de Lula, que deverá ter parte de sua popularidade recomposta com as recentes medidas populistas. Esses opositores, contudo, não precisam necessariamente ser candidatos em 2026. A direita não tem porta-vozes com capacidade de comunicação que façam o trabalho diuturno de oposição, somente aqueles que pregam para convertidos. Sem pessoas que trabalhem a linguagem popular e mostrem quais são os principais problemas da gestão petista (raiz da atual impopularidade de Lula), a direita terá sérias dificuldades para virar o jogo no ano que vem, sob pena de ficar mais quatro anos como força oposicionista.