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O desfile lacratório e inútil

A briga infantil entre governo e oposição desperdiçou uma semana da agenda nacional

O retorno das atividades do Congresso Nacional foi marcada pela uma disputa inusitada entre governo e oposição: a “Guerra dos Bonés”. A polêmica, que tomou conta do plenário e das redes sociais, destacou o uso de acessórios personalizados para simbolizar as posições políticas de cada grupo. A história toda vale mais pelo folclore e dá uma noção do peso que os legisladores dão às redes sociais – bem mais que às soluções políticas

Ministros licenciados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram vistos usando bonés azuis com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. A ideia partiu do novo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, que providenciou a confecção de 100 unidades do acessório em diferentes cores para os parlamentares aliados.


O próprio presidente Lula aderiu à tendência, publicando uma foto nas redes sociais com a legenda: “O Brasil é dos brasileiros. Bom dia!”. A iniciativa rapidamente se tornou um símbolo da base governista na disputa política dentro do Congresso.



A reação da oposição

Em resposta, deputados da oposição passaram a utilizar bonés verdes e amarelos com a frase provocativa: “Comida barata novamente. Bolsonaro 2026”. O acessório foi uma iniciativa do novo líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, que declarou que essa estratégia surgiu como uma reação direta à ação governista.

Além dos bonés, a oposição reforçou a crítica ao governo com paródias, incluindo uma marca fictícia de café chamada “Nemcafé” e uma embalagem de carne rotulada como “Picanha Black”, ambas ironizando promessas de campanha de Lula sobre a melhoria do acesso a alimentos.

Discursos

A polêmica foi alçada ao debate dentro e fora do Congresso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou a ação afirmando que “boné serve para proteger a cabeça do sol, não para resolver os problemas do país”.

Por outro lado, aliados do governo sustentam que o boné azul simboliza a soberania nacional e que as ações da oposição apenas reforçam a polarização. Já a oposição defende que os altos preços dos alimentos justificam sua crítica ao governo Lula e a adoção do boné verde e amarelo.

Inflação

Um ponto polêmico da “Guerra dos Bonés” foi a inscrição “Comida barata novamente”, utilizada pela oposição. No entanto, indicadores oficiais mostram que a inflação dos alimentos foi elevada durante o governo Bolsonaro. Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) indicam que, entre 2019 e 2022, o aumento dos preços de alimentos superou a inflação geral em três dos quatro anos e chegou a quase 12% em 2022.

Enquanto isso, no primeiro ano do terceiro mandato de Lula, os alimentos tiveram inflação inferior à média geral da economia. No entanto, em 2024, os preços voltaram a subir fortemente, impulsionados pelo aumento de carnes, café e leite longa vida.

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