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O discurso que Bolsonaro deixou de fazer

Bicentenário foi marcado por vulgaridades e a ausência de um chefe de estado, como nos lembrou o português Marcelo Rebelo de Souza

A comemoração dos 200 anos de Independência perdeu o tom eleitoreiro nesta quarta-feira (8), no Congresso Nacional. Em sessão solene, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, foi protocolar e estadista em boa medida ao citar a história colonial, enaltecer a língua portuguesa e fazer um mea culpa sobre a escravidão, elogiar a forte e jovem democracia brasileira. Foi um alívio, já que no dia anterior Jair Bolsonaro preferiu usar a data histórica para reafirmar sua virilidade sexagenária, puxando o coro de “imbrochável” – seja lá o que isso tem com o exercício da Presidência. Em vez dos ataques às instituições, às urnas e aos adversários, o público foi contemplado com uma vulgaridade inédita e despreocupada com a realidade, como que justificando os 252 mil brasileiros vivendo em Portugal em 2022.

Por isso o discurso quase tímido de Rebelo de Souza proporcionou algum alento aos cidadãos da ex-colônia. Ele citou o pronunciamento do ex-presidente português Antônio José de Almeida (1919-1923) durante o centenário de Independência, em 1922. “’Agradeço ao Brasil pelos mais de 220 milhões de falantes desta língua cada vez mais universal’”, disse.

Cazuza, Cartola, Elis

Enquanto o Palácio do Planalto preferiu celebrar a chegada do coração preservado de Dom Pedro I – D. Pedro IV por lá , Rebelo de Souza engrandeceu a influência da cultura brasileira sobre seu país, citando Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Elis Regina, Cazuza, Cartola. Houve também oportunidade para ensaiar uma reflexão sobre a unicidade territorial do país em comparação aos vizinhos. “Se o Brasil não tivesse proclamado independência, o que seria?”, questionou, remetendo às preocupações de D. João VI. Em seguida, agradeceu aos brasileiros por incentivar outras nações lusófonas a trilhar o mesmo caminho.

Ao final, os chefes dos poderes presentes como Luiz Fux, do STF, Augusto Aras, da PGR, Rodrigo Pacheco, do Senado, e Arthur Lira, da Câmara, aplaudiram o presidente português. Bolsonaro não esteve presente, ainda que Rebelo, em visita de estado, tenha presenciado impotente o desanimador discurso de seu colega brasileiro no dia anterior. Quem sabe daqui 100 anos.

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