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“O presidencialismo está roto e esfarrapado”, diz Temer

Em uma conversa com o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ex-ministro da Justiça e da Defesa e atual presidente do conselho do BTG Pactual, Nelson Jobim, o ex-presidente Michel Temer criticou o sistema de governo que o levou ao posto mais elevado da República, entre 2016 e 2018, alegando falta de responsabilidade ao Parlamento. Não se trataria de derrubar o presidencialismo, mas modificar o modelo, criando uma espécie de semipresidencialismo capaz de amortizar os conflitos do Executivo com o Legislativo a partir da construção de consensos – tão caros e raros no momento. “O presidencialismo está roto e esfarrapado” foi sua frase de efeito. Na sua vez, Jobim emendou: “Política é a administração dos dissensos”. O encontro se deu no encerramento do evento MacroDay 2021, promovido pelo banco BTG Pactual.

Apesar da defesa de tamanha reforma, o ex-presidente – convocado na semana passada para acalmar os ânimos entre o presidente Jair Bolsonaro e ministros do STF – não criticou o Judiciário. Professor de Direito, constitucionalista renomado e habilidoso parlamentar, Temer circulou melhor nesses meandros complexos do que no Executivo, onde lhe faltou assertividade e carisma, o que lhe desgastou – e por fim lhe rendeu processos. Ele defendeu o STF e outras instâncias do Judiciário, garantindo que não há ativismo judicial, rebatendo as críticas de Bolsonaro e apoiadores.

Sobre sua experiência no Palácio do Planalto: “Nunca nos rebelamos [contra decisões judiciais]”. Lembrando que seu governo – e os anteriores – sempre se valeu dos meios legais de contestação. Sobre os ensaios autoritários do 7 de setembro, só teriam mostrado que as instituições estão funcionando, impedindo “qualquer espécie de aventura”. Porém, seu otimismo garantista veio com alguns alertas. Sobre o Judiciário assumir as inações dos demais Poderes: “Sentenças examinam o passado. […] Não criam futuro”. Sobre o embate político: “Não há mais adversários, só inimigos”.

Colega de Jobim no antigo MDB e PMDB, Temer relembrou que este ocupou a pasta da Defesa por tempo suficente para conhecer os humores da caserna – ao que recebeu concordância. “Só há golpe com forças armadas. Não vejo isso”, disse Temer. Quanto ao futuro imediato, o ex-presidente atuou como se estivesse no palanque e jogou para a torcida, formada por investidores e executivos. “Se o setor financeiro for pessimista, o Brasil está derrotado”.

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