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O presidente segue socializando seus reveses

Ao perceber que a PEC do voto impresso não iria passar na Câmara, o presidente resolveu acionar seu sistema particular de controle de danos. Ao convocar a Marinha para desfilar na Esplanada dos Ministérios às vésperas da votação como forma de provocação e tentativa de intimidação, o presidente só conseguiu garantir mais votos contra seu projeto. De quebra, colocou os militares numa barca furada, criando um desgaste inútil e desnecessário com o Legislativo, o poder que aprova seus recursos.

Na mesma noite desta terça-feira (11), ao lado de voto impresso foi enterrado um entulho institucional do período militar que começava a gerar incômodos. O Senado revogou a Lei de Segurança Nacional (LSN), que agora precisa de sanção do presidente. A LSN estava caduca desde a Constituição de 1988. Sua eliminação foi de caráter profilático, já que o presidente ameaçou usá-la para calar críticos. De acordo com o relator, senador Rogério Carvalho (PT-SE), o número de inquéritos instaurados com sua base chegou a 51 no ano de 2020. Antes, ninguém lembrava do dispositivo. Entre os investigados por agirem supostamente como inimigos do Estado, o influencer Felipe Neto e o cartunista Aroeira.

Aliado de Bolsonaro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco disse que o fim da LSN consolida a República: “Projeto que, de fato, modifica, para não dizer enterra, o entulho autoritário, com uma modificação de conceitos, estabelecendo e valorizando o estado democrático”. Outra lei menos autoritária e modernizante deverá surgir para definir crimes contra a liberdade e o direito em algum momento, principalmente considerando atentados terroristas e tentativas de fragilização das instituições por meio de violência, coerção e fake news.

Enquanto isso, Bolsonaro prepara outra manifestação. Além de seus motociclistas de final de semana, a tropa de pijama foi convocada para a celebração do Dia do Soldado, em 25 de agosto, em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília. Uma campanha por WhatsApp quer reunir militares da reserva para prestar apoio ao presidente, formando um corredor humano entre o Palácio do Planalto e o Forte Apache, como é conhecida a sede do Exército. Não se sabe como a segurança vai lidar com esse risco. A ação tem caráter claramente de campanha.

Sobre o Forte Apache, foi diante de sua guarita principal que, em 19 de abril do ano passado, o presidente celebrou a Ditadura Militar. Na ocasião, Bolsonaro defendia a possibilidade de obter maiores poderes frente ao Congresso e o Judiciário, inclusive com o fim das garantias e liberdades individuais, mediante a edição de uma medida autoritária similar ao AI-5, de 1968. O resultado foi uma investigação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a organização e o financiamento de atos antidemocráticos. Apoiadores mais radicais, como a ativista de extrema direita Sara Winter, estão em maus lençóis com a lei. Um exemplo da tática diversionista de Bolsonaro. O sucesso é dele, o revés, de todos, incluindo quem não tem nada com isso, afinal ontem o Brasil foi classificado como uma grande República de Bananas na mídia internacional, prejudicando a atração dos investimentos tão necessários para a geração de riqueza e empregos.

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