O governador eleito de São Paulo, João Doria, tomou a decisão politicamente correta quando grudou seu nome ao do presidente ungido nas urnas, Jair Bolsonaro. Com um discurso anti-PT e ancorado num combate duro à violência, Doria virou a página sem dó após a derrota fragorosa do ex-governador Geraldo Alckmin. Abraçou com fé a candidatura Bolsonaro, citando o ex-capitão de exército em todas suas declarações, e assumiu todos os riscos que essa estratégia embutia.
Eleito governador, terá de jogar junto com o novo presidente. Como o nome mais proeminente do PSDB, deverá alinhar seu partido ao PSL e fazer parte da base do recém-eleito governo. Para isso, terá de passar por cima de cabeças brancas como Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissatti e, na condição de novo comandante dos tucanos, jogar os 29 deputados federais no colo do ocupante do Planalto.
O que acontecerá depois depende de Bolsonaro. Doria está de olho na presidência desde que foi eleito em primeiro turno para a prefeitura de São Paulo em 2016. Portanto, será candidato à sucessão do hoje deputado pelo PSL.
Em primeiro lugar, Jair Bolsonaro será um político popular em 2022? Se for, Doria precisa avaliar se tem condições de derrotá-lo ou não.
Mas a pergunta que não quer calar é: Jair Bolsonaro será candidato à reeleição? Até hoje, não era. Mas pode mudar de ideia. Se for, Doria terá de desembarcar do governo aos poucos e se colocar na oposição. Isso deverá ser feito com muito cuidado, para que o governador não ganhe a pecha de mal-agradecido em relação ao presidente.
Se Bolsonaro resolver não concorrer, Doria terá de batalhar para ganhar seu apoio, caso o então presidente ainda tenha popularidade. Será difícil. O PSL fará de tudo para manter o controle da sucessão de seu presidente.